Ultimamente tenho lido algumas coisas de e sobre Vila-Matas. Acabei há pouco tempo o seu último romance, longo, introspectivo, por vezes aborrecido, algumas vezes hilariante e outras, ainda, com fragmentos potencialmente indutores a alguma meditação ou reflexão sobre a inescapável folha de débitos e de créditos originados pela nossa condição de Homo Socialis – sem entrar em questões metafísicas e terminológicas de psicossociologia.
De Vila-Matas sobressai Walser, de quem o autor espanhol, mediante um estudo aprofundado das suas vida e obra, se confessa um grande admirador não só pela integridade estético-literária, como também pelo seu conhecimento apurado e perspicaz da condição humana, principalmente do papel do divino na cultura europeia que exulta os valores da submissão e da resignação, em detrimento da liberdade individual, que reduzem o indivíduo ao tal “zero à esquerda”, consciência tão presente no pequeno Jakob ou em Joseph Marti (O Ajudante).
Daí advém o conceito de dor nas suas diversas acepções ou planos que se intersectam, contribuindo para a obnubilação do conhecimento da sua real origem. Dificilmente descortinamos o primário que se metastizou pelo espírito em diversos tipos de dor.
A integridade walseriana subsume-se ao estoicismo e ao recolhimento, à assunção da existência como um eterno jogo de causalidade bidireccional que, quando se torna consciente, apenas encontra redenção na solidão auto-infligida, a bela infelicidade.
Mea culpa
Provavelmente, partindo do pressuposto, meramente teórico, da possibilidade de pôr em evidência qualquer dos seus elementos constitutivos, a mais terrível das dores advém de um sentimento de culpa pelo cometimento de uma injustiça; e a pungência dessa dor resulta, muitas vezes, na sua forte capacidade de sanação. Ao contrário da dor da perda, a dor que resulta da consciência da injustiça cometida resolve-se facilmente pelo simples pedido de perdão, sentido, natural, sem compensações, apenas imbuído de um espírito de reparação que nos confira a certeza da extinção de um imaginável ressentimento destruidor de uma amizade desinteressada que rareia nos tempos que correm.
Contrição com destinatário.
De Vila-Matas sobressai Walser, de quem o autor espanhol, mediante um estudo aprofundado das suas vida e obra, se confessa um grande admirador não só pela integridade estético-literária, como também pelo seu conhecimento apurado e perspicaz da condição humana, principalmente do papel do divino na cultura europeia que exulta os valores da submissão e da resignação, em detrimento da liberdade individual, que reduzem o indivíduo ao tal “zero à esquerda”, consciência tão presente no pequeno Jakob ou em Joseph Marti (O Ajudante).
Daí advém o conceito de dor nas suas diversas acepções ou planos que se intersectam, contribuindo para a obnubilação do conhecimento da sua real origem. Dificilmente descortinamos o primário que se metastizou pelo espírito em diversos tipos de dor.
A integridade walseriana subsume-se ao estoicismo e ao recolhimento, à assunção da existência como um eterno jogo de causalidade bidireccional que, quando se torna consciente, apenas encontra redenção na solidão auto-infligida, a bela infelicidade.
Mea culpa
Provavelmente, partindo do pressuposto, meramente teórico, da possibilidade de pôr em evidência qualquer dos seus elementos constitutivos, a mais terrível das dores advém de um sentimento de culpa pelo cometimento de uma injustiça; e a pungência dessa dor resulta, muitas vezes, na sua forte capacidade de sanação. Ao contrário da dor da perda, a dor que resulta da consciência da injustiça cometida resolve-se facilmente pelo simples pedido de perdão, sentido, natural, sem compensações, apenas imbuído de um espírito de reparação que nos confira a certeza da extinção de um imaginável ressentimento destruidor de uma amizade desinteressada que rareia nos tempos que correm.
Contrição com destinatário.
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