E mais trocadilhos poderiam ser usados para qualificar o argumentista de um dos piores filmes do ano, que entrou directamente para a minha lista da vulgaridade, em que por lá já figurava, sem passar pelo purgatório – deambula sem remissão por um dos círculos do inferno –, o filme musculado, aquela coisa informe, inverosímil mas sem arte, intelectualmente ronceiro e visualmente boçal como Um Cidadão Exemplar (Law Abiding Citizen, 2009) do aliterante F. Gary Gray. E se no início do parágrafo ensaiei a hipótese de se gerar uma punning machine – em estrangeiro alinda-se o objectivo maledicente –, esta resultou do marinho condimento do título, Salt (2010), e da entrada em vigor da norma panificadora com o objectivo de tornar menos tensos os cidadãos nacionais – esses viciados em dois átomos combinados de sódio e cloro, agarrados à excitação (hipertensiva) de um bom desgoverno e de uma vidinha enfadonha. Até o nome do realizador, Phillip Noyce, se presta a uma cadeia calemburista cujos início e fim não vislumbro, a sua sonoridade é-me um forte incentivo que provém de tempos imemoriais (era ainda um jovem cinéfilo), vigorava no circuito comercial a, enganadoramente pachorrenta, Calma de Morte (Dead Calm, 1989) – trocadilhai vós, ó raiz quadrada de meia dúzia arredondada à milésima que me lê.
Ah, já quase me esquecia do argumentista referenciado na abertura, Kurt Wimmer foi o autor de ambas as histórias directamente escritas para o ecrã – um cidadão sem vestígios de sal.
Em resumo, só mesmo para terminar com este meu texto potencialmente aberrativo ou que para aí caminha à medida que se vão adicionando mais caracteres, gostaria de deixar aqui, em letra de forma, a minha penitência: A Origem (Inception, 2010) do jovem arrevesado Nolan é uma obra-prima por comparação – se é que possível comparar-se uma amiba fílmica com entes fílmicos geneticamente mais desenvolvidos.
Ah, já quase me esquecia do argumentista referenciado na abertura, Kurt Wimmer foi o autor de ambas as histórias directamente escritas para o ecrã – um cidadão sem vestígios de sal.
Em resumo, só mesmo para terminar com este meu texto potencialmente aberrativo ou que para aí caminha à medida que se vão adicionando mais caracteres, gostaria de deixar aqui, em letra de forma, a minha penitência: A Origem (Inception, 2010) do jovem arrevesado Nolan é uma obra-prima por comparação – se é que possível comparar-se uma amiba fílmica com entes fílmicos geneticamente mais desenvolvidos.
PS – O Ebert, desde que o resolvi mencionar, passou-se por completo (talvez tenha sido da excitação advinda dessa chamada encomiástica aqui impudicamente revelada), vejam-se as críticas à amiba e à coisa labiríntica.
PPS – Um questão/apelo aos reputados epidemiologistas mundiais: haverá algum vírus cinematográfico, um parasita dissimulado (não, não é uma ideia, resiliente como o Sócrates do inglês técnico), quiçá de proveniência alienígena, que ande de redacção em redacção a entreter-se em derribar, de forma sádica e paulatina, as mentes mais preclaras da crítica?
PPPS – 2,449 (é só fazer as contas).
PPPS – 2,449 (é só fazer as contas).