domingo, 9 de abril de 2006

Justas referências cum laude – I

Inaugura-se mais uma secção deste blogue, na qual irão ser postadas, de forma intermitente, algumas referências a textos publicados na blogosfera – mais viva que nunca! – que merecem um distinção com louvor – adverte-se que o critério é manifestamente subjectivo.
Para começar bem, destaco logo dois textos de dois blogues diferentes.
O primeiro destaque vai para
este texto de Vasco M. Barreto, o correspondente nova-iorquino da nossa blogosfera, publicado no seu blogue A Memória Inventada:
«TSF online: oiço tudo e volto a ouvir. É o meu Portugal portátil.»
De facto queria aqui reforçar o reconhecimento do riquíssimo conteúdo da
TSF Online, como, aliás, VMB merecidamente enfatiza no seu texto. A minha dilecção vai inteirinha para o programa de Carlos Vaz Marques «Pessoal e... Transmissível», no ar depois das notícias das 19 e em permanência na página da Internet da TSF. CVM é admirável em todos os aspectos na arte de conduzir uma entrevista. Os seus diálogos não parecem seguir um guião e resultam da interacção simbiótica entre entrevistador e entrevistado. Deixo, apenas, 3 singelas sugestões: as entrevistas de CVM a Ian McEwan, Salman Rushdie e Paul Auster – e já agora a entrevista a Pat Metheny, do qual são os acordes que dão vida e cor ao programa. A TSF neste âmbito presta um verdadeiro serviço público – e acabo por aqui com os encómios, não vá o Fragoso lembrar-se de passar a cobrar pela audição online dos ficheiros de áudio!
O segundo destaque, cum laude, vai para
este texto de João Gonçalves no seu blogue Portugal dos Pequeninos – na verdade o título do blogue até se encaixa bem na matéria nele (texto) vertida.
JG referindo-se à O2 Clara Ferreira Alves e ao seu anúncio digital da morte da blogosfera: «Eu [João Gonçalves], pelo contrário, desejo vida e saúde à sua "pluma caprichosa" no jornal do regime, bem como à sua "língua de prata" na versão televisiva do mesmo jornal. Não a leio. Não a oiço. Por isso não me incomoda nada que ela exista, mesmo que "aprisionada" nos seus "formatos e vícios".»
Para entender melhor esta morte quiçá “desejada” – como refere JG e que eu reitero – deixo aqui uma citação de um texto postado num blogue darwiniano, corria o dia 11 de Janeiro deste ano:
«A Casa é um projecto entusiasmante e delicado; precisa de público, de mais público; as ideias e os projectos que já existem precisam agora de tempo, como se sabe.»
A Casa tem o nome de Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares, e por aí fora. Passou a figurar no costumadamente restrito e exíguo mapa cultural português. Honra seja feita ao seu director
Francisco José Viegas e ao seu animador Ricardo Gross, que trouxeram para o domínio público aquilo que muito bem se faz no campo das letras em Portugal e no mundo. Parafraseando Rodrigo Guedes de Carvalho aquele espaço deixou de ser uma “Casa Quieta”, finalmente tornou-se num memorial vivo e digno do nome assombroso que ostenta. É razão para se dizer que, neste caso, A Mensagem transmitida por esse Infante Francisco que navega essa nau no turbilhão artístico português concretizou-se «Deus quer, o homem sonha, a obra nasce». À laia de citação, aponho aqui o delicioso estribilho de António Lobo Antunes nos seus relatos espectrais: «percebe».

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