terça-feira, 4 de abril de 2006

Coles y medusas

Já disponível nas livrariasEnquanto procurava a capa do livro acabadinho de ler de João Pedro George «Couves & Alforrecas – Os Segredos da Escrita de Margarida Rebelo Pinto» da editora de valter hugo mãe, de nome Objecto Cardíaco, encontrei este artigo publicado no diário espanhol El País referindo-se à polémica.
De facto, os espanhóis em tudo são mais retumbantes. A sua língua não é de paninhos quentes, nem de grandes mesuras e, assim, MRP® pede o sequestro do livro de JPG – ponto final.
Bom, voltando ao assunto que me traz à redacção deste texto, li de enfiada a crítica de JPG e, sinceramente, não há nada do que lá vem escrito que seja susceptível de difamar, injuriar ou caluniar a dita senhora®.
Nas parcas páginas que o livro encerra – e refiro-me obviamente ao volume do dito – está plasmado um trabalho árduo e sério, o qual eu não desejaria realizar. Em primeiro lugar, porque não tenho vocação natural, nem habilitação académica ou, tão-pouco, mestria que advenha da minha profissão para fazer recensões aprofundadas de obras de literatura. Em segundo lugar, e tal como revela o autor no inicio da elucubração, jamais teria pachorra para ler 10 páginas da autora®, quanto mais 8 livros. Cá em casa, empoeira-se na estante o livro da referida escritora® «Não Há Coincidências» [sic], Oficina do Livro, 5.ª edição, Maio de 2000, recordando-me, agora, da minha compulsão para o seu encerramento ad aeternum logo na página 11 – que é a 1.ª página do 1.º capítulo dito romance, que começa a meio dela – quando, já com alguma agonia, lia «Também ninguém me manda ser uma directora criativa de uma agência de vão de escada, da qual ainda por cima sou sócia, e ter uma empresa de plantas artificiais chamada Jardim sem Regador. Giro, não é?»
Dispenso*… Foda-se, tenho 109 livros na prateleira – acabados de contar – ainda por ler de autores como Hemingway, Camus, Tavares – Gonçalo M. –, Banville, McEwan, Barnes, Agustina, Saramago, Lobo Antunes – António –, Vila-Matas, Faulkner, Fitzgerald, Mann, Miller – Arthur e Henry –, Kerouac, Bukowski, Burroughs, Lodge, Yourcenar, Flaubert, García Márquez, Duras, Proust, Dostoievski, Kafka, Nin, Salinger, Joyce – James –, Bucay, Musso, até curiosamente do editor de JPG,
vhm, Tabucchi, Coetzee, Pérez-Reverte, etc. e ia perder o meu rico tempo, à leitura deles destinado, a ler metáforas com couves, pescadas e alforrecas!? Auto-plágios intra e inter livros da autora®? Citação dos mesmos autores – por exemplo, O’Neill e Mourão-Ferreira – e/ou frases destes em várias obras?
A análise crítica de João Pedro George é de indispensável leitura, tanto para os sequazes leitores e/ou tomadores-das-dores-de-MRP®, como para os detractores. Sem que com isto haja alguma pretensão – se é que se pode aplicar esta palavra neste blogue de uma imensa minoria – de afastar os indiferentes. O que quis referir é que se trata de um livro imperdível para aqueles que gostam e se interessam pela literatura e pelo processo de fabricação de uma obra literária.

Nota:
*1.ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo dispensar – compreender-se-á esta nota após a leitura do livro.

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