É já na próxima quinta-feira, dia 7 de Outubro, pelo meio-dia (hora de Lisboa), que será anunciado o 107.º vencedor do Prémio Nobel da Literatura, na sua 103.ª edição desde que começou a ser atribuído no primeiro ano do século XX.
Como tem sido hábito aqui neste blogue, tentar-se-á dar notícia do laureado em cima do acontecimento, isto é, se a rede, normalmente congestionada na ocasião, o permitir. É que os assuntos para-literários também são notícia, embora desprovidos da arte e intelectualidade superiores que os zelosos literatos (patrulheiros) adoptam nos seus comportamentos públicos, cuja pulsão snobenta conduz ao desprezo daqueles que se dedicam a este tipo de jogos florais. Pues que, a mí me encantan los juegos florales.
Outra pequena nuance ou exercício de desperdício de palavras comummente associados a esta ocasião, consiste em verificar as probabilidades atribuídas a autores consagrados pelas casas de apostas – no caso do Nobel da Literatura, já se tornou tradição citar a tabela da casa inglesa Ladbrokes, que em 2006 acertou em cheio no autor laureado, o turco Orhan Pamuk. Assim sendo, confiramos as probabilidades retiradas da tabela de apostas publicada hoje dos 15 nomes mais prováveis a arrecadar o Nobel da Literatura:
1) Tomas Tranströmer (n. 1931; Suécia), com 4/1
2) Haruki Murakami (n. 1949; Japão), com 7/1
3) Ko Un (n. 1933; Coreia do Sul), com 8/1
--- Adonis (n. 1930; Síria)
5) Adam Zagajewski (n. 1945; Ucrânia/Polónia), com 10/1
6) Antonio Tabucchi (n. 1943; Itália), com 12/1
7) Les Murray (n. 1938, Austrália), com 13/1
8) Yves Bonnefoy (n. 1923; França), com 15/1
--- Assia Djebar (n. 1936; Argélia)
--- Thomas Pynchon (n. 1937; Estados Unidos)
11) Joyce Carol Oates (n. 1938; Estados Unidos), com 18/1
--- Margaret Atwood (n. 1939; Canadá)
--- Alice Munro (n. 1931; Canadá)
--- A.S. Byatt (n. 1936; Reino Unido)
--- Michel Tournier (n. 1924; França)
Na lista surge também António Lobo Antunes (n. 1942) com uma probabilidade associada de 35/1.
Entre os 72 nomes constantes da lista, para além dos referidos anteriormente, em que apenas Thomas Pynchon e Margaret Atwood me deixam entusiasmado, há 8 (com Pynchon e Atwood, são 10) que pertencem ao clube restrito da devoção literária aqui da casa e que considero merecerem o Nobel:
- Philip Roth (20/1);
- Don DeLillo (22/1);
- Mario Vargas Llosa (25/1);
- Milan Kundera (25/1);
- Umberto Eco (45/1);
- Ian McEwan (50/1);
- John Banville (66/1);
- Paul Auster (66/1).
Há, no entanto, alguns outros autores, para além dos 10 atrás referidos e de ALA, cuja atribuição do Nobel de 2010 não me deixaria, de forma alguma, nada desagradado, como são os casos de Munro, Byatt, Cormac McCarthy, Magris, Oz, Handke, Carlos Fuentes, Modiano, Javier Marías, Barnes, Atiq Rahimi ou o notável serôdio norte-americano William H. Gass.
Mencionei 23 autores em 72 que constam da listagem da Ladbrokes e tenho, desde já, uma certeza: nenhum deles irá vencer, ou porque não participam no diálogo da cultura universal, ou porque são de direita, ou mesmo de esquerda, mas americanos, ou até porque os seus nomes são excessivamente conhecidos e os seus livros vendáveis (segundo os critérios obscuros da Academia Sueca).
Em memória de Henry James, Pessoa, Proust, Joyce, Woolf, Musil, Nabokov, Walser, Borges, Bernhard e Updike.