domingo, 5 de março de 2006

O decidófobo

Hoje, no seu programa televisivo dominical na RTP1, Marcelo Rebelo de Sousa esteve simplesmente brilhante na sua análise ao desempenho do Governo durante o seu primeiro ano de actividade.
No cômputo final das classificações atribuídas, chegou a uma média de 11,5 valores para o Governo, que classificou como “Suficiente”. De facto, os habituais subentendidos de Marcelo são a maior riqueza do seu discurso avaliador da performance política daqueles que dela fazem profissão: temos os políticos que merecemos!
Mas o melhor da noite – para além do 10 atribuído a Freitas do Amaral e o pretenso tom de piedade que introduziu nesta parte do seu discurso – foi a comparação de Sócrates com anteriores primeiros-ministros. Em primeiro lugar, há que notar que Marcelo atribuiu-lhe 15 valores – confesso que pelas mesmas razões que lhos atribuiria – justificando-o com a coragem política com que Sócrates tem enfrentado a tomada de determinadas decisões impopulares e fracturantes que, eventualmente, poriam em risco a reeleição de um Governo em qualquer parte do mundo ocidental. Depois, Marcelo, no seu mais alto estilo maquiavélico, disse que ao contrário de Guterres, Sócrates não era um decidófobo, ou seja, que ao invés do estilo mais deplorável de António Guterres, Sócrates não tem medo de tomar decisões.
Ora, posto isto, corri a Internet à procura dessa fobia e encontrei-a neste
glossário elaborado pelo brasileiro Roque Theophilo presidente da Academia Brasileira de Psicologia e da Academia Internacional de Psicologia:
«Decidofobia = aversão e medo mórbido irracional, desproporcional persistente e repugnante de tomar decisões.»

Decididamente, Marcelo acertou em cheio!

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