Nada contra. Não sou um gourmet, mas gosto de comer em bons
restaurantes de cujas cozinhas emanam pratos com assinatura, e gosto sempre que
o autor cortesmente ausculte a minha opinião, de avental alvo, sobre o nível de prazer na
degustação do prato. Ao mesmo tempo, é uma peça de tecido com história, que me faz lembrar
aquele Portugal rural que se foi perdendo – o do pequeno comércio porta a porta, os marçanos ou o do bulício serviçal. Por exemplo, a criadagem com os miúdos no jardim; a
leiteira azeda a esborrachar os pacotes de leite pré-“Tetra Pak” nos alpendres
das moradias; da peixeira com as notas de conto no regaço, fazendo trocos nas
casas das senhoras, trocando cavalas por mil reis que se juntavam a mais outros
tantos amarfanhados, envoltos em escamas e vísceras que escaparam ao produto
vendido. Hoje, tudo isso foi substituído pela desprezível bata florida.
Agora dessa coisa dos pedreiros e dos chãos em xadrez –
embora, neste caso, ignore o facto de algum lá ter ido parar (sim, isso mesmo, ao xadrez),
os irmãos ajudam sempre –, os poucos que conheci – e que me garantiram
tratar-se de aventaleiros da estirpe críptica, filhos de Ísis e Osíris –, ou
eram uns filhos da puta e/ou criminosos e/ou políticos, juízes, procuradores e
professores catedráticos. Apesar de ser um fã do James (em especial no drama
pedo-nabokoviano-kubrickiano e no magistral North by Northwest, com a música
retumbante do Bernardo SenhorHomem), das batidas do Nick, e de na minha
juventude não perder as histórias a preto e branco do Perry, por manifesto azar,
pessoalmente nunca me cruzei com um Mason-livre de avental imaculado e que
disputasse as qualidades de humanista e/ou benemérito e/ou íntegro, as mesmas que
ultimamente, numa operação de desespero ou de marketing do desespero, têm vindo
a apregoar.
Contudo não gosto de generalizações. E não pretendo aplicar à minha,
decerto curta, experiência o método indutivo. Até porque dispõem de um olho que
tudo vê, e em terra de cegos… Ele há-de haver os que são bons.