Depois do 6.º aniversário desta coisa e, não vindo a talho
de foice – a questão é mesmo uma ceifa apocalíptica sanjoanina evangelista, com
direito a trombetas e a juízo (o muito que escasseia, não só por aqui…) Onde
ia? Ah! E por haver falado nesse dia festivo num greasy cocky, ligando-o ao
momento presente em que me debato por rememorar os poucos filmes que passaram
pelos meus olhos (por comparação com anos anteriores) estreados em Portugal durante
o ano em causa, emergiu a cockiest moda fílmica do ano que se apelida
(enrolando línguas) Apichatpong Weerasethakul e o seu tacky-picture O Tio
Boonmee que se Lembra das Suas Vidas Anteriores, escolhido por aquela coisa
chamada Tim Burton que encabeçava um grupo que premiou Javier Bardem pela sua
interpretação no horrendo Biutiful (look at the pun, there) e que incluía, inter alia, o canastrão Benicio, a presumivelmente
douta Beckinsale, o requisitado Desplat (qualquer dia musica até a Casa dos
Segredos), a menina “Meio-Dia” (que, conceda-se, tem uma interpretação soberba
no fabuloso Vincere de Bellocchio), ou o recalcitrante indiano isabelino.
E uns tempos depois, vendo-o no grande ecrã, reflecti sobre
a origem da náusea e concordei com os poucos que ousaram profanar a transmigração
das almas de escolha burtoniana, como já mencionei aqui naquele dia fatídico, e
reproduzo um par de frases que me fez rir de satisfação:
«Uncle Boonmee believes his encroaching kidney failure is karmic retribution for having killed “too many commies,” as well as “lots of bugs.” The viewer is free to calculate how many domestic-terrorist insects he may have palled around with.» (TheBoston Phoenix)
Hã? Fustigação ou zurzidela? Não me preocupa, até porque
hoje, à hora de publicação deste texto, passeio-me certamente, findos os
afazeres, pela Galleria Vittorio Emanuele II, percorrendo lentamente o trilho
urbano entre o Teatro alla Scala e il Duomo.
In bocca al lupo a tutti giovani e spavaldi cinefili, e dai giudizi
affrettati degli altri!