terça-feira, 12 de setembro de 2006

Medo

Um número de 778.781 eleitores (por extenso para que não restem dúvidas, setecentos e setenta e oito mil, setecentos e oitenta e um) quis ter o senhor da fotografia como Chefe Supremo das Forças Armadas Portuguesas, através do exercício do direito de voto nas eleições presidenciais de Janeiro deste ano.
Tive medo. Hoje, tenho ainda mais medo da simples fantasia de coabitar neste país de medíocres com um Pai da Nação desta estirpe, deificado e branqueado durante décadas pela nossa comunicação social.
Se mais razões me faltassem para o terror que se me assaltou, bastar-me-ia ouvir o pequeníssimo excerto de oratória no qual o único político canonizado da lusa pátria – enquanto não santificam o beato Cunhal – apresenta como credível uma teoria, de uma abjecção perturbadora, sobre os atentados de 11 de Setembro de 2001 e, mais em concreto, sobre a queda da Torre 7 do World Trade Center – aconteceu esta noite no programa Prós & Contras na
RTP1.

Sr. Dr., siga as suas próprias instruções – enunciadas há uns anos numa amável conversa com um batedor da Brigada de Trânsito da GNR: Desapareça!

1 comentário:

Anónimo disse...

Também fiquei siderado (e não bebi o refrigerente...) com o que Mário Soares disse no Prós & Contras, que vi propositadamente. Achei que o debate havia de ser interessante, com posições consistentes e sérias, quer de Pacheco Pereira, quer de Mário Soares.
Este defendeu teses perfeitamente mirabolantes, e quando não tinha arugmentos exaltava-se, saltava na cadeira... Ainda bem que não foi eleito! Desculpe, Dr. Soares, mas está todo "queimadinho"...
Sim, apreciei as intervenções de Pacheco Pereira, de quem sou admirador, naquele seu pessimismo realista ou vice-versa. Sereno, consistente, com posições lógicas, reconhecendo erros na Administração americana. E sem o discurso panfletário do seu interlocutor.
Pacheco Pereira demonstra ter percebido o mundo que nos tocou viver e os riscos inerentes. Soares nem por isso...