Apesar de haver anunciado o encerramento da listagem de frases iniciais exemplares de obras de ficção, que aqui iniciei no pretérito dia 3 de Agosto, chegaram à minha caixa de correio electrónico algumas contribuições da blogosfera, de tal modo que se revelaria como injusta a sua não publicação na listagem definitiva.
Assim, estabeleci, de forma autocrática, o prosseguimento da construção da lista até à meia centena de frases de abertura de romances, novelas ou contos.
Todavia, antes de publicar as cinco frases de hoje, gostaria de fazer aqui justiça a outro blogue que desde a sua fundação – Fevereiro deste ano – tem publicado grandes aberturas de romances – e não apenas as frases iniciais. Trata-se do Ad Loca Infecta de José Miguel Silva, devidamente alertado por este texto do Henrique Fialho no seu blogue (ímpar e de muita estima aqui da casa) Insónia.
Feita a justa menção, resta apenas referir que, à imagem do último adicionamento, se inclui, a título excepcional, a abertura de uma obra de não ficção, desta feita do insigne professor de Literatura e filósofo alemão, entretanto falecido, Hans Blumenberg (pelo Luís Carmelo).
Assim, estabeleci, de forma autocrática, o prosseguimento da construção da lista até à meia centena de frases de abertura de romances, novelas ou contos.
Todavia, antes de publicar as cinco frases de hoje, gostaria de fazer aqui justiça a outro blogue que desde a sua fundação – Fevereiro deste ano – tem publicado grandes aberturas de romances – e não apenas as frases iniciais. Trata-se do Ad Loca Infecta de José Miguel Silva, devidamente alertado por este texto do Henrique Fialho no seu blogue (ímpar e de muita estima aqui da casa) Insónia.
Feita a justa menção, resta apenas referir que, à imagem do último adicionamento, se inclui, a título excepcional, a abertura de uma obra de não ficção, desta feita do insigne professor de Literatura e filósofo alemão, entretanto falecido, Hans Blumenberg (pelo Luís Carmelo).
Eis as frases contempladas:
#41, contribuição de Henrique Fialho, do blogue Insónia:
«Acordei da doença aos quarenta e cinco anos, calmo, são de espírito e, excepto o fígado debilitado e a aparência de estar metido na pele de um outro que é comum a todos aqueles que sobreviveram, razoavelmente saudável. A doença… a maior parte dos doentes não se lembra do delírio em pormenor.»
William S. Burroughs, Festim Nu
(Editorial Notícias, 1.ª edição, Outubro de 2002, pág. 9; Tradução de José Luís Luna e revisão de Abel Gomes; Obra Original: Naked Lunch, 1959)
#41, contribuição de Henrique Fialho, do blogue Insónia:
«Acordei da doença aos quarenta e cinco anos, calmo, são de espírito e, excepto o fígado debilitado e a aparência de estar metido na pele de um outro que é comum a todos aqueles que sobreviveram, razoavelmente saudável. A doença… a maior parte dos doentes não se lembra do delírio em pormenor.»
William S. Burroughs, Festim Nu
(Editorial Notícias, 1.ª edição, Outubro de 2002, pág. 9; Tradução de José Luís Luna e revisão de Abel Gomes; Obra Original: Naked Lunch, 1959)
#42, contribuição de Filinto Melo, do blogue Jornada:
«Depois de tantas horas de caminhar sem encontrar nem uma sombra de árvore, nem uma semente de árvore, nem uma raiz de nada, ouve-se o ladrar dos cães.»
Juan Rulfo, “Deram-nos a terra”, Planície em chamas (contos)
(Cavalo de Ferro 2003, pág.11; Tradução de Ana Santos; Obra Original: “Nos han dado la tierra” in El llano en llamas, 1953)
#43, contribuição de Abel Sequeira Ferreira, do (sugestivo, compreenderão!) blogue The Red Notebook:
«Eunice Parchman matou a família Coverdale porque não sabia ler nem escrever.»
Ruth Rendell, Sentença em Pedra
(Gradiva, 1.ª edição, 1984, pág. ?; Tradução de Adélia Silva Melo e revisão de Manuel Joaquim Vieira; Obra Original: A Judgement in Stone, 1977)
#44, contribuição de Rogério (primeira contribuição de um bloguista brasileiro), do blogue Conto as favas:
«Desocupado lector:
«sin juramento me podrás creer que quisiera que este libro, como hijo del entendimiento, fuera el más hermoso, el más gallardo y más discreto que pudiera imaginarse. Pero no he podido yo contravenir al orden de naturaleza, que en ella cada cosa engendra su semejante.»
Em português:
«Desocupado leitor, sem juramento me poderás crer que quisera que este livro, como filho do entendimento, fora o mais formoso, o mais galhardo e o mais discreto que pudera imaginar-se. Mas eu não pude contravir a ordem da natureza, na qual cada coisa engendra a sua semelhante.»
Miguel de Cervantes, O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha (Prólogo da obra)
(Civilização, 1999, Vol. I, pág. 20; Tradução de Daniel Augusto Gonçalves e Arsénio Mota; Obra Original: El ingenioso hidalgo Don Quixote de la Mancha, 1605; Título posterior: Don Quijote de la Mancha)
Nota: ver este texto no blogue do Rogério.
#45, contribuição de Luís Carmelo, do blogue Miniscente:
«O homem conduz a sua vida e ergue as suas instituições sobre terra firme. Todavia, procura compreender o curso da sua existência na sua totalidade, de preferência, com a metáfora da navegação temerária.»
Hans Blumenberg, Naufrágio com espectador (ensaio literário)
(Vega, 1990, pág. ?; Tradução de Manuel Loureiro; Obra Original: Schiffbruch mit Zuschauer, 1979)
«Depois de tantas horas de caminhar sem encontrar nem uma sombra de árvore, nem uma semente de árvore, nem uma raiz de nada, ouve-se o ladrar dos cães.»
Juan Rulfo, “Deram-nos a terra”, Planície em chamas (contos)
(Cavalo de Ferro 2003, pág.11; Tradução de Ana Santos; Obra Original: “Nos han dado la tierra” in El llano en llamas, 1953)
#43, contribuição de Abel Sequeira Ferreira, do (sugestivo, compreenderão!) blogue The Red Notebook:
«Eunice Parchman matou a família Coverdale porque não sabia ler nem escrever.»
Ruth Rendell, Sentença em Pedra
(Gradiva, 1.ª edição, 1984, pág. ?; Tradução de Adélia Silva Melo e revisão de Manuel Joaquim Vieira; Obra Original: A Judgement in Stone, 1977)
#44, contribuição de Rogério (primeira contribuição de um bloguista brasileiro), do blogue Conto as favas:
«Desocupado lector:
«sin juramento me podrás creer que quisiera que este libro, como hijo del entendimiento, fuera el más hermoso, el más gallardo y más discreto que pudiera imaginarse. Pero no he podido yo contravenir al orden de naturaleza, que en ella cada cosa engendra su semejante.»
Em português:
«Desocupado leitor, sem juramento me poderás crer que quisera que este livro, como filho do entendimento, fora o mais formoso, o mais galhardo e o mais discreto que pudera imaginar-se. Mas eu não pude contravir a ordem da natureza, na qual cada coisa engendra a sua semelhante.»
Miguel de Cervantes, O Engenhoso Fidalgo D. Quixote de la Mancha (Prólogo da obra)
(Civilização, 1999, Vol. I, pág. 20; Tradução de Daniel Augusto Gonçalves e Arsénio Mota; Obra Original: El ingenioso hidalgo Don Quixote de la Mancha, 1605; Título posterior: Don Quijote de la Mancha)
Nota: ver este texto no blogue do Rogério.
#45, contribuição de Luís Carmelo, do blogue Miniscente:
«O homem conduz a sua vida e ergue as suas instituições sobre terra firme. Todavia, procura compreender o curso da sua existência na sua totalidade, de preferência, com a metáfora da navegação temerária.»
Hans Blumenberg, Naufrágio com espectador (ensaio literário)
(Vega, 1990, pág. ?; Tradução de Manuel Loureiro; Obra Original: Schiffbruch mit Zuschauer, 1979)
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