A listagem foi facilmente organizada, e incluiu os filmes vencedores entre 1989 e 2008 (produzidos entre 1988 e 2007, apresentados entre a 61.ª e a 80.ª sessões de entrega dos Óscares), que, como terão reparado, iam desde o musical, por exemplo, o mauzinho filme Chicago de Rob Marshall, com argumento de Bill Condon – género que, confesso, anda bem longe das minhas preferências – ao mais sombrio dos thrillers, onde podemos sem qualquer dúvida incluir filmes como O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1991) de Jonathan Demme, com argumento de Ted Tally – filme que foi um dos raros na história dos Óscares a arrecadar as cinco estatuetas das principais categorias –, ou Este País Não É para Velhos (No Country for Old Men, 2007) com realização e argumento a cargo dos manos Joel e Ethan Coen, passando pelos géneros fantástico, biográfico, western, histórico, épico, e pelas películas de forte pendor melodramático, do mais xaroposo e lamechas ao mais cru e bem gerido em termos emocionais.
De todas a categorias atrás mencionadas, não há uma onde talvez possamos encaixar o filme vencedor deste pequeno inquérito, como veremos.
Votaram 82 pessoas (sem hipótese de repetição, a não ser por meios mais ou menos ilícitos e sofisticados de supressão de cookies ou de votar em vários computadores com diferentes acessos à internet).
Beleza Americana (American Beauty, 1999), filme realizado pelo britânico (de ascendência lusa) Sam Mendes, com o argumento original de Alan Ball (o criador da consagrada série televisiva Sete Palmos de Terra). O filme arrecadou 5 Óscares na sua 72.ª cerimónia de entrega (encontrava-se nomeado para 8). Para além da estatueta para “Melhor Filme”, venceu nas categorias para melhores “Realizador”, “Actor” (soberba interpretação de Kevin Spacey), “Argumento Original” e “Fotrografia”, perdendo, de forma inexplicável, o Óscar de “Melhor Banda Sonora Original”, composta por Thomas Newman, para a do filme O Violino Vermelho (Le violon rouge) criada por John Corigliano, realizado pelo canadiano francófono François Girard (e se bem estão recordados, realizador do meloso e pegajoso Seda em 2007, baseado num romance do autor italiano Alessandro Barrico).
Eis, então, os primeiros três classificados (4 filmes), que dividiram entre si cerca de 63% dos votos, um pouco abaixo dos dois terços:
- Beleza Americana (American Beauty, 1999), de Sam Mendes – 18 votos (21%);
- Imperdoável (Unforgiven, 1992), de Clint Eastwood – 15 votos (18%);
- A Lista de Schindler (Schindler’s List, 1993), de Steven Spielberg, e O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs, 1991), de Jonathan Demme – ambos com 10 votos cada (12% + 12%).
Outras notas:
- Em branco ficaram 4 dos 20 filmes: Chicago (2002) de Rob Marshall, O Desafio do Guerreiro (Braveheart, 1995) de Mel Gibson, Gladiador (Gladiator, 2000) de Ridley Scott, e Miss Daisy (Driving Miss Daisy, 1989) de Bruce Beresford;
- Durante as últimas duas décadas houve dois filmes que conseguiram igualar o recordista do número de estatuetas arrecadas, 11 no total, Ben-Hur (1959) de William Wyler: Titanic (1997) de James Cameron e O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei (The Lord of the Rings: The Return of the King, 2003) de Peter Jackson, receberam 1 voto e 4 votos, respectivamente;
- Finalmente, e refiro-o com alguma pena minha, apesar de toda a campanha promocional e do lóbi das Caldas do meu querido amigo Henrique Fialho, Imperdoável de Clint Eastwood andou quase sempre atrás do filme vencedor.
Até ao dia 22, haverá mais qualquer coisa inútil na coluna do lado direito deste blogue. Jogos florais sobre cinema e para votar, obviamente.
Por enquanto, deixo-vos ficar uma das cenas mais marcantes do excelente filme vencedor:
«It’s the weirdest thing. I feel like I've been in a coma for about twenty years. And I'm just now waking up. Spectacular!» [“Lester Burnham”, Kevin Spacey]