domingo, 24 de fevereiro de 2008

Óscares II

[Imagem: ©New York Magazine]


Esta é uma das poucas categorias, senão a única – a preguiça é amiga da dúvida –, em que tive a feliz, porque escassa, oportunidade de ver todos os filmes a concurso – por mera curiosidade, ocorre precisamente o contrário com a categoria Melhor Actriz, será talvez um fenómeno de manifestação tácita de alguma misoginia fílmica?...

  • George Clooney em Michael Clayton – Uma Questão de Consciência
  • Daniel Day-Lewis em Haverá Sangue
  • Johnny Depp em Sweeney Tood – O Terrível Barbeiro de Fleet Street
  • Tommy Lee Jones em No Vale de Elah
  • Viggo Mortensen em Promessas Perigosas

Day-Lewis é magistral. O melhor actor da actualidade, realizou, porventura, a melhor interpretação cinematográfica das últimas duas ou três décadas, e uma das melhores da história do cinema. Nesta categoria, tratar-se-á, em princípio, da corrida de um só homem, os outros co-nomeados já disso se aperceberam, mesmo que Clooney no seu estilo trombeteiro, vendedor da própria imagem nas suas incansáveis buscas por microfone aberto, tenha referido que se sente como a Hillary Clinton desta competição, se não houvesse Obama [Day-Lewis]…
Permita-me que discorde, Mr. Clooney. O seu desempenho é banal, na linha do “Nespresso, what else?”, num filme prenhe de clichés, que estranhamente foi angariando nomeações em tudo o que era festival de cinema ou cerimónia de entrega de prémios.

Acima de Clooney está, sem sombra de dúvida Viggo Mortensen em Promessas Perigosas – apesar da minha inexplicável embirração com este actor. Segundo se diz, David Cronenberg deu total liberdade interpretativa a Mortensen, o que não só é revelador da confiança extrema aposta por um dos génios da realização da actualidade a um actor, como, ao verificar-se a consistência imagética e cénica do produto final, das qualidades reais do actor.

Tommy Lee Jones desempenha um excelente papel num filme medíocre, sem trazer qualquer tipo de novidade a uma carreira já com alguns sucessos e interpretações mais bem conseguidas, como por exemplo em Os Três Enterros de um Homem (The Three Burials of Melquiades Estrada, 2005), filme também realizado por si e que lhe permitiu arrecadar o prémio para Melhor Actor no Festival de Cannes, ou em O Fugitivo (The Fugitive, 1993) com que arrecadou o Óscar para Melhor Actor Secundário, não esquecendo a sua interpretação bem mitchumiana em Chuva de Fogo (Blown Away, 1994) e por antítese, no papel de homem traído em Céu Azul (Blue Sky, 1994) de Tony Richardson.

Quanto a Johhny Depp e o seu barbeiro demoníaco, abstenho-me de qualquer comentário adicional, não vá recidivar na náusea que me assolou pelo mero exercício de recordação. Ah, pois, dizem que o ídolo dos teenagers das pipocas canta muito bem…

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