Uma vez mais, o Luís Costa, colaborador da TriploV, publicação dedicada às artes literárias e em homenagem ao, entre muitas coisas, crítico de arte, cineasta, fundador do movimento cineclubista em Portugal ou poeta, resistente antifascista e membro do PCP, Ernesto de Sousa (1921-1988), facultou-me, com toda a cortesia, um poema – assim como uma curta biografia – de um dos distintos e insondados poetas que, segundo os especialistas, estiveram – e estarão – na lista de potenciais candidatos ao Nobel da Literatura, refiro-me, desta feita, ao poeta sírio-libanês Adonis:
Que assim seja:
Os pássaros chegaram e as pedras
Juntaram-se às pedras
Assim:
Eu acordo as estradas e as noites
E nós seguimos na procissão das árvores
Os ramos são malas verdes e os sonhos
uma almofada
Na viagem de férias
Onde a manhã continua estranha
Onde o seu rosto
Permanece um selo sobre os meus mistérios
Assim:
Um raio indicou-me o caminho, uma voz chamou-me
Do fim mais extremo do muro
Adonis, A Floresta Mágica (tradução do alemão por Luís Costa).
Biografia, por Luís Costa:
Adonis, poeta e ensaísta, nasceu em 1930 na Síria. O seu verdadeiro nome é Ali Ahmed Said. Estudou filosofia em Damasco e Beirute. De seguida teve várias estadias no estrangeiro por exemplo em Nova Iorque e Paris. Hoje vive em Paris. Adonis tem traduzido muitos autores franceses para o árabe. Entre eles encontram-se Racine e Saint Jonh-Perse.
Em 1957 fundou com Yousuf el-Khal a revista literária mais importante do espaço árabe: «Schiir» (Poesia).
Adonis contribuiu muito para a renovação da língua árabe e influenciou assim uma geração de escritores e poetas árabes. Escrever poesia significa para ele uma luta permanente contra a memória fechada sobre si mesma da cultura, ou seja, contra o passado. O nome Adonis é considerado no mundo árabe, desde os anos 60, um sinónimo de modernidade. Ele afirmou-se aí como um dos principais porta-vozes da corrente critica e pós-moderna. Para ele a lírica representa uma forma de violação da língua; é a tentativa de obrigar a língua a dizer aquilo que a prosa jamais conseguirá exprimir. Este grande poeta vê as raízes da sua lírica no misticismo islâmico, que ele considera como um surrealismo antes do surrealismo europeu.
Entretanto o mundo árabe fala de adonismo, adonismo esse que tem os seus seguidores entusiásticos, mas também um grande número de inimigos ferrenhos, que se encontram, sobretudo, entre os islamitas.
Os pássaros chegaram e as pedras
Juntaram-se às pedras
Assim:
Eu acordo as estradas e as noites
E nós seguimos na procissão das árvores
Os ramos são malas verdes e os sonhos
uma almofada
Na viagem de férias
Onde a manhã continua estranha
Onde o seu rosto
Permanece um selo sobre os meus mistérios
Assim:
Um raio indicou-me o caminho, uma voz chamou-me
Do fim mais extremo do muro
Adonis, A Floresta Mágica (tradução do alemão por Luís Costa).
Biografia, por Luís Costa:
Adonis, poeta e ensaísta, nasceu em 1930 na Síria. O seu verdadeiro nome é Ali Ahmed Said. Estudou filosofia em Damasco e Beirute. De seguida teve várias estadias no estrangeiro por exemplo em Nova Iorque e Paris. Hoje vive em Paris. Adonis tem traduzido muitos autores franceses para o árabe. Entre eles encontram-se Racine e Saint Jonh-Perse.
Em 1957 fundou com Yousuf el-Khal a revista literária mais importante do espaço árabe: «Schiir» (Poesia).
Adonis contribuiu muito para a renovação da língua árabe e influenciou assim uma geração de escritores e poetas árabes. Escrever poesia significa para ele uma luta permanente contra a memória fechada sobre si mesma da cultura, ou seja, contra o passado. O nome Adonis é considerado no mundo árabe, desde os anos 60, um sinónimo de modernidade. Ele afirmou-se aí como um dos principais porta-vozes da corrente critica e pós-moderna. Para ele a lírica representa uma forma de violação da língua; é a tentativa de obrigar a língua a dizer aquilo que a prosa jamais conseguirá exprimir. Este grande poeta vê as raízes da sua lírica no misticismo islâmico, que ele considera como um surrealismo antes do surrealismo europeu.
Entretanto o mundo árabe fala de adonismo, adonismo esse que tem os seus seguidores entusiásticos, mas também um grande número de inimigos ferrenhos, que se encontram, sobretudo, entre os islamitas.
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