Desde 1998, ano em que estreou Barreira Invisível (The Thin Red Line) de Terrence Malick, poucos ou nenhuns foram os filmes ditos de guerra que verdadeiramente me entusiasmaram – e falo apenas daqueles que se centram no teatro de operações. Confesso, todavia, que se trata de um género cinematográfico que nunca me encheu as medidas. Contam-se pelos dedos das mãos os filmes do género que realmente exerceram sobre mim algum fascínio. Assim de repente lembro-me de Lawrence da Arábia e de A Ponte sobre o Rio Kwai de David Lean, Nascido para Matar de Kubrick, O Caçador de Michael Cimino, Apocalipse Now de Coppola ou, por exemplo, de O Dia mais longo, e outros haverá que a minha memória instantânea – à medida que escrevo este texto – não consegue alcançar.
Hoje vi o último filme realizado pelo enorme Clint Eastwood, chama-se As Bandeiras dos Nossos Pais (The Flags of Our Fathers), produzido por um duo maravilha composto por ele próprio e Steven Spielberg.
À medida que o tempo foi passando, a minha admiração por Eastwood foi aumentando à razão de uma progressão geométrica. De facto, o meu entusiasmo pelo actor/realizador evoluiu dos tempos de simples desprezo pelas cabotinagem e boçalidade hollywoodescas de Harry Callahan – a.k.a. "Dirty" Harry – até ao paroxismo do deslumbramento pelos seus desempenhos como realizador e actor em Million Dollar Baby (2004).
Falando do realizador e se contarmos o período compreendido entre a estreia de O Sargento de Ferro (1986) e a actualidade, de entre os 14 filmes realizados – não contando com este último e com o ainda não estreado Letters from Iwo Jima – não vi apenas Caçador Branco, Coração Negro (1990) e – por uma manifesta urticária que me provoca o género – o filme galardoado com 4 Óscares Imperdoável (1992) – e com toda a razão!
Dos 12 filmes referidos, metade conseguiu atingir, na minha óptica, o patamar da excelência (por ordem cronológica os melhores e a bold os melhores dos melhores): Bird (1988), Um Mundo Perfeito (1993), Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal (1997), Um Crime Real (1999), Mystic River (2003) e Million Dollar Baby (2004).
As Bandeiras dos Nossos Pais é um filme com um casting sofrível, uma banda sonora – uma vez mais criada por Eastwood – banal e discreta, e uma história de base simples e escorreita, sem a magia exigível a uma narrativa adaptável à sétima arte – facto que se vai tornando num lugar-comum –, que o argumentista Paul Haggis – oscarizado em 2006 pelo Melhor Argumento Original com Crash – tentou espremer. É de notar que, segundo informação retirada do IMDB, a adaptação do anterior argumento esteve a cargo de William Broyles Jr. que já havia sido rejeitado em 2001 por Steven Spielberg, que à data era o detentor em exclusivo dos direitos do livro que lhe serviu de base.
O filme vale pela excepcional realização, com dignos momentos de cortar a respiração sublimemente materializados quando a acção se centra no assalto à praia da minúscula ilha de Iwo Jima. Arrisco-me a dizer que será, certamente, o filme em que o engenho criativo de Eastwood é aplicado com todo o seu esplendor. As imagens aéreas, o desembarque dos fuzileiros nos seus veículos anfíbios, toda a movimentação da câmara e os jogos de luzes e de perspectivas no momento em que os batedores arriscam a vida num solo que lhes é completamente estranho e hostil, coadjuvados por uma irrepreensível cinematografia de Tom Stern, fazem com que se dê por bem aplicado o tempo e o dinheiro despendidos com visionamento do filme.
Aos 76 anos e após a realização de As Bandeiras dos Nossos Pais, Clint Eastwood demonstrou uma vez mais que merece um lugar no clube restrito dos melhores realizadores de sempre da indústria cinematográfica de Hollywood e se, ao que tudo indica, receber o merecidíssimo Oscar para Melhor Realização – e digo isto apesar de não ter visto alguns dos prováveis candidatos –, Scorsese ficará mais um ano em branco. E depois… depois ainda há Iñárritu… Todavia, já foi demonstrado à saciedade que com as bandeiras dos outros pode Eastwood bem!
Hoje vi o último filme realizado pelo enorme Clint Eastwood, chama-se As Bandeiras dos Nossos Pais (The Flags of Our Fathers), produzido por um duo maravilha composto por ele próprio e Steven Spielberg.
À medida que o tempo foi passando, a minha admiração por Eastwood foi aumentando à razão de uma progressão geométrica. De facto, o meu entusiasmo pelo actor/realizador evoluiu dos tempos de simples desprezo pelas cabotinagem e boçalidade hollywoodescas de Harry Callahan – a.k.a. "Dirty" Harry – até ao paroxismo do deslumbramento pelos seus desempenhos como realizador e actor em Million Dollar Baby (2004).
Falando do realizador e se contarmos o período compreendido entre a estreia de O Sargento de Ferro (1986) e a actualidade, de entre os 14 filmes realizados – não contando com este último e com o ainda não estreado Letters from Iwo Jima – não vi apenas Caçador Branco, Coração Negro (1990) e – por uma manifesta urticária que me provoca o género – o filme galardoado com 4 Óscares Imperdoável (1992) – e com toda a razão!
Dos 12 filmes referidos, metade conseguiu atingir, na minha óptica, o patamar da excelência (por ordem cronológica os melhores e a bold os melhores dos melhores): Bird (1988), Um Mundo Perfeito (1993), Meia-Noite no Jardim do Bem e do Mal (1997), Um Crime Real (1999), Mystic River (2003) e Million Dollar Baby (2004).
As Bandeiras dos Nossos Pais é um filme com um casting sofrível, uma banda sonora – uma vez mais criada por Eastwood – banal e discreta, e uma história de base simples e escorreita, sem a magia exigível a uma narrativa adaptável à sétima arte – facto que se vai tornando num lugar-comum –, que o argumentista Paul Haggis – oscarizado em 2006 pelo Melhor Argumento Original com Crash – tentou espremer. É de notar que, segundo informação retirada do IMDB, a adaptação do anterior argumento esteve a cargo de William Broyles Jr. que já havia sido rejeitado em 2001 por Steven Spielberg, que à data era o detentor em exclusivo dos direitos do livro que lhe serviu de base.
O filme vale pela excepcional realização, com dignos momentos de cortar a respiração sublimemente materializados quando a acção se centra no assalto à praia da minúscula ilha de Iwo Jima. Arrisco-me a dizer que será, certamente, o filme em que o engenho criativo de Eastwood é aplicado com todo o seu esplendor. As imagens aéreas, o desembarque dos fuzileiros nos seus veículos anfíbios, toda a movimentação da câmara e os jogos de luzes e de perspectivas no momento em que os batedores arriscam a vida num solo que lhes é completamente estranho e hostil, coadjuvados por uma irrepreensível cinematografia de Tom Stern, fazem com que se dê por bem aplicado o tempo e o dinheiro despendidos com visionamento do filme.
Aos 76 anos e após a realização de As Bandeiras dos Nossos Pais, Clint Eastwood demonstrou uma vez mais que merece um lugar no clube restrito dos melhores realizadores de sempre da indústria cinematográfica de Hollywood e se, ao que tudo indica, receber o merecidíssimo Oscar para Melhor Realização – e digo isto apesar de não ter visto alguns dos prováveis candidatos –, Scorsese ficará mais um ano em branco. E depois… depois ainda há Iñárritu… Todavia, já foi demonstrado à saciedade que com as bandeiras dos outros pode Eastwood bem!
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