5.º Passo: Admitir a natureza exacta dos nossos erros
(seguindo os passos até ao São João)
(seguindo os passos até ao São João)
«Porque nunca nos basta a felicidade que temos?» (pág. 18)
Paulo Kellerman, nascido em Leiria em 1974, será certamente um dos jovens criadores literários mais seguros e consistentes da literatura portuguesa contemporânea, com todas as faculdades para, num futuro muito próximo, se bater de igual para igual com nomes já confirmados como Gonçalo M. Tavares, valter hugo mãe, Frederico Lourenço ou José Luís Peixoto. E será, uma vez que a obra publicada e a versatilidade literária – que se conquista também com a quantidade – ainda não lhe permitem alcançar esse estatuto de certeza no panorama literário português.
Em 2005 com a sua colectânea de contos Gastar Palavras, Kellerman arrecadou o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco da APE.
Em 2007 publica uma nova colectânea que reúne vinte histórias, intitulada Os Mundos Separados que Partilhamos.
Com esta última obra, Kellerman segue os passos da sua premiada obra anterior, através de uma escrita descomplexada, sem atavios – porém de forte imanência poética –, crua e simultaneamente violenta, embora subliminar e profundamente introspectiva.
A angústia da solidão acompanhada, que emana da rotina e que de forma tão forte caracteriza a inexorabilidade dos nossos dias, é transversal a todos os trechos quer sejam relatados por homens ou mulheres, por jovens ou velhos, por solteiros ou casados.
A melancolia, o tom amarguradamente sombrio e, à boa maneira de Carver, o pendor minimalista da narrativa, cedo se materializaram na imagem de marca de Paulo Kellerman – e não se julgue que isso se deve a um qualquer defeito da sua destreza literária.
Os contos de Kellerman não são, de uma forma deliberada, narrativas de personagens, do seu desenvolvimento ao seu mais íntimo pormenor. Quedam-se pela estrutura – a sua base conceptual – sem que se desperdice talento. Ao invés, o fino esboço dos contornos e o não esquadrinhamento das potencialidades idiossincráticas dos diversos caracteres que cruzam a sua prosa constituem-se como a sua grande mais-valia, investida em prol de um objectivo bem definido e delineado. A sua escrita, segura e indobrável, procura estereotipar nas diversas individualidades a dor do mundo, a perene insatisfação que se apoderou das sociedades ocidentais que inculca no espírito dos seus membros a ilusão de um afastamento constante do caminho da felicidade. É o fantasma da frustração das expectativas, do ressentimento, da inveja e da cobiça, do desamparo e da fragilidade espiritual, que persegue e espanta todo e qualquer objecto indutor de contentamento, de realização pessoal e de aperfeiçoamento da alma. Como se uma bandeira, estacada em terra firme, num longo mastro portentoso e esguio, pudesse ostentar toda a felicidade do mundo, exalando-a por movimentos lúbricos e acintosos desde a margem contrária, longínqua e inacessível, apenas ao alcance dos outros, aparentemente tão satisfeitos com a trivialidade das suas vidas.
Paulo Kellerman, nascido em Leiria em 1974, será certamente um dos jovens criadores literários mais seguros e consistentes da literatura portuguesa contemporânea, com todas as faculdades para, num futuro muito próximo, se bater de igual para igual com nomes já confirmados como Gonçalo M. Tavares, valter hugo mãe, Frederico Lourenço ou José Luís Peixoto. E será, uma vez que a obra publicada e a versatilidade literária – que se conquista também com a quantidade – ainda não lhe permitem alcançar esse estatuto de certeza no panorama literário português.
Em 2005 com a sua colectânea de contos Gastar Palavras, Kellerman arrecadou o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco da APE.
Em 2007 publica uma nova colectânea que reúne vinte histórias, intitulada Os Mundos Separados que Partilhamos.
Com esta última obra, Kellerman segue os passos da sua premiada obra anterior, através de uma escrita descomplexada, sem atavios – porém de forte imanência poética –, crua e simultaneamente violenta, embora subliminar e profundamente introspectiva.
A angústia da solidão acompanhada, que emana da rotina e que de forma tão forte caracteriza a inexorabilidade dos nossos dias, é transversal a todos os trechos quer sejam relatados por homens ou mulheres, por jovens ou velhos, por solteiros ou casados.
A melancolia, o tom amarguradamente sombrio e, à boa maneira de Carver, o pendor minimalista da narrativa, cedo se materializaram na imagem de marca de Paulo Kellerman – e não se julgue que isso se deve a um qualquer defeito da sua destreza literária.
Os contos de Kellerman não são, de uma forma deliberada, narrativas de personagens, do seu desenvolvimento ao seu mais íntimo pormenor. Quedam-se pela estrutura – a sua base conceptual – sem que se desperdice talento. Ao invés, o fino esboço dos contornos e o não esquadrinhamento das potencialidades idiossincráticas dos diversos caracteres que cruzam a sua prosa constituem-se como a sua grande mais-valia, investida em prol de um objectivo bem definido e delineado. A sua escrita, segura e indobrável, procura estereotipar nas diversas individualidades a dor do mundo, a perene insatisfação que se apoderou das sociedades ocidentais que inculca no espírito dos seus membros a ilusão de um afastamento constante do caminho da felicidade. É o fantasma da frustração das expectativas, do ressentimento, da inveja e da cobiça, do desamparo e da fragilidade espiritual, que persegue e espanta todo e qualquer objecto indutor de contentamento, de realização pessoal e de aperfeiçoamento da alma. Como se uma bandeira, estacada em terra firme, num longo mastro portentoso e esguio, pudesse ostentar toda a felicidade do mundo, exalando-a por movimentos lúbricos e acintosos desde a margem contrária, longínqua e inacessível, apenas ao alcance dos outros, aparentemente tão satisfeitos com a trivialidade das suas vidas.
Em “Areia” – inspirado na contemplação do óleo sobre tela de 1891, Melancolia, de Edvard Munch – a mesma história é-nos contada sob duas perspectivas – o “Lado A” e o “Lado B”, tal como no conto “Investir em ti” –, dois homens que, sem se conhecerem, repartem o mesmo amor pela mesma mulher, e cujo amor carnal e efectivo de um, e o amor destroçado e ressentido de outro, acabam por reflectir, em lados aparentemente opostos, a mesma dúvida existencial: «Aconchego-me na areia, sentindo-me parte dela, apenas mais um grão; e espero» (pp. 99 e 103). Em “As sirenes” as duas perspectivas manifestam-se no “[Cá]” e no “[Lá]”, no jogo de espelhos entre a tortura quotidiana e o idílio do distante, e no desencorajante reflexo da brutalidade de lá e na percepção da dor pelo sonho acalentado cá e posteriormente desfeito...
Porém, na minha mui particular apreciação literária, foi em contos como “Ai” – inspirado no óleo sobre tela de Marc Chagall, As Três Velas, 1938-1940 –, e especialmente, “Numa rua anónima de uma cidade qualquer”, que me revi enquanto leitor, talvez pela verosimilhança da tortura originada por uma palavra não dita, por um manancial de constrangimentos que nos foram injectando ao longo da vida, no momento em que sentimos a profunda necessidade de a soltar para lograr alcançar alguma paz de espírito, dando livre curso às nossas emoções, mas há apenas frustração: o triunfo do racional sobre o emocional; a ridicularização social na exteriorização dos sentimentos.
Os Mundos Separados que Partilhamos é um livro para se ler devagar, porquanto uma leitura apressada poderá transmitir-nos a falsa sensação de uma sucessão de circunlóquios, de uma amálgama de vinte narrativas que espremidas se subsumem a um mesmo objecto com personagens diferentes.
Apesar de Paulo Kellerman, segundo a sua curta biografia disponível na badana, se indignar contra aqueles que consideram a narrativa curta como arte menor relativamente ao romance e à poesia no mundo da literatura, sinto uma certa curiosidade por uma obra de fundo sua, escrita com este desassossego, sobretudo para um amante declarado, como é o meu caso, da prosa ficcional do mestre Samuel Beckett…
Classificação: **** (Bom)
Referência bibliográfica:
Paulo Kellerman, Os Mundos Separados que Partilhamos. Porto: Deriva, 1.ª edição, Fevereiro de 2007, 109 pp.
Porém, na minha mui particular apreciação literária, foi em contos como “Ai” – inspirado no óleo sobre tela de Marc Chagall, As Três Velas, 1938-1940 –, e especialmente, “Numa rua anónima de uma cidade qualquer”, que me revi enquanto leitor, talvez pela verosimilhança da tortura originada por uma palavra não dita, por um manancial de constrangimentos que nos foram injectando ao longo da vida, no momento em que sentimos a profunda necessidade de a soltar para lograr alcançar alguma paz de espírito, dando livre curso às nossas emoções, mas há apenas frustração: o triunfo do racional sobre o emocional; a ridicularização social na exteriorização dos sentimentos.
Os Mundos Separados que Partilhamos é um livro para se ler devagar, porquanto uma leitura apressada poderá transmitir-nos a falsa sensação de uma sucessão de circunlóquios, de uma amálgama de vinte narrativas que espremidas se subsumem a um mesmo objecto com personagens diferentes.
Apesar de Paulo Kellerman, segundo a sua curta biografia disponível na badana, se indignar contra aqueles que consideram a narrativa curta como arte menor relativamente ao romance e à poesia no mundo da literatura, sinto uma certa curiosidade por uma obra de fundo sua, escrita com este desassossego, sobretudo para um amante declarado, como é o meu caso, da prosa ficcional do mestre Samuel Beckett…
Classificação: **** (Bom)
Referência bibliográfica:
Paulo Kellerman, Os Mundos Separados que Partilhamos. Porto: Deriva, 1.ª edição, Fevereiro de 2007, 109 pp.
6 comentários:
Soa a campainha para o início do 2.º assalto! Tavares aproxima-se confiante, excelente jogo de pés. Kellerman parece cansado, gastou as palavras todas no 1.º assalto... Medem-se mutuamente, bom jogo de pernas de parte a parte... Soco de Tavares! Um directo de direita..E um de esquerda! Combinação demolidora!... Kellerman cambaleia! O árbitro Catarino procura ver se ele está magoado e... Um terceiro gancho de Tavares atinge Catarino, em cheio! Meu deus! Fim de assalto aos 38 segundos! Tavares vence por DUPLO KO, algo inédito nos anais do boxe, senhoras e senhores! Fez-se história na Bulhosa! Tavares segue para a final, que disputará na Bertrand do Chiado com Peixoto, que por sua vez venceu Baptista-Bastos na Barata, aos 6 segundos do 1º assalto.
Blogue formidável! Obrigado pela partilha de toda esta informação, André!
Um abraço.
Ora essa, meu caro João Ricardo.
Um abraço
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