Como um confesso viciado em DF, contento-me, por vezes, com uns fogachos diáfanos de espanto – pequenos fragmentos, insatisfatórios até, por onde passaram as mãos do mestre, numa época do ano em que se esbanjam elogios em folha de ouro, dedicados à obra menor e que acabam por dar relevo àquilo que realmente nos fere a alma pela sua manifesta mediania abroncada.
Em suma, adaptando as palavras do gigante literário oitocentista, a celebração do medíocre através da sua consagração pela nomenclatura do Santo Artifício Visual, em detrimento de outros técnica, estética e, até, eticamente mais habilitados na inovação e no progresso artísticos, é de um miserabilismo intolerável, não se vislumbrando um fim nos tempos mais próximos:
«(…) il y a un point où les infortunés et les infâmes se mêlent et se confondent dans un seul mot, mot fatal, les misérables (…)»*
Victor Hugo, Les Misérables, 1862 (Tome III, Livre huitième, Chapitre V).
Atenção: This not a film…
«We'll cleave you from the herd and watch you die in the wilderness.»
A dor foi aplacada.
Nota: *Numa tradução livre (perante a ausência do livro nas nossas palavras no momento de redacção deste texto):
«existe um ponto em que os infelizes e os infames se misturam e se confundem numa só palavra, palavra fatal, os miseráveis».
«existe um ponto em que os infelizes e os infames se misturam e se confundem numa só palavra, palavra fatal, os miseráveis».