Leslie Nielsen
(Regina, SK, Canadá, 26/02/1926 – Fort Lauderdale, FL, EUA, 28/11/2010)
Nunca fui de lágrima fácil, tanto na alegria, como na tristeza, sou um acumulador, porventura reprimido (vou-me dando conta disso à medida que envelheço), de fenómenos (emocionais) de exteriorização de sentimentos perante terceiros, mas este homem, que ontem desapareceu ao 84 anos, vítima de uma pneumonia, foi um dos principais responsáveis por algumas das fortes gargalhadas, acompanhadas de incontidos jorros de lágrimas, em muitos momentos da minha vida. Poderia não ser um Peter Sellers, um Buster Keaton, ou um Jacques Tati (e este é, sempre que o recordo, um trio arrepiantemente assombroso e hilariante), até pela sua ausente vertente de “autor”. Todavia, Nielsen, em conjunto com os fabulosos irmãos Zucker e Jim Abrahams, permanecerá para todo o sempre no meu imaginário como um dos grandes protagonistas de filmes cómicos: a sua aparência respeitável, séria, a sua ilusória formalidade e até assertividade, conjugavam de forma sublime com as suas inocência e atrapalhação nos momentos mais aflitivos, redundando nas situações mais rocambolescas. Era um histrião de smoking, o pinga-amor desajeitado, o sedutor tortuoso e irresistível, e actualmente o mais fidedigno representante do burlesco cândido. Mesmo com 84 anos, a sua aparição no grande ou no pequeno ecrã fazia rir mesmo o mais sisudo empedernido.
Em jeito de homenagem, deixo ficar uma das melhores cenas retiradas da curta (pelo fracasso nas audiências), porém extraordinária, série televisiva Police Squad (a fonte de inspiração da trilogia Naked Gun):
Em jeito de homenagem, deixo ficar uma das melhores cenas retiradas da curta (pelo fracasso nas audiências), porém extraordinária, série televisiva Police Squad (a fonte de inspiração da trilogia Naked Gun):