quinta-feira, 26 de abril de 2007

BHL – 2

Rosa Parks
Por estes dias em que se comemora a liberdade, gritada na rua pelo povo amordaçado e confinado à pequenez de um império que se dizia grande, e de repente manchada pela tirania das ideologias, vou-me deleitando com BHL e a sua Vertigem Americana, seguindo os passos de Tocqueville – não, não ouvi os habituais discursos de cravo na lapela e de ódio na alma; vou empilhando, no infinitésimo lugar da minha alma que se dedica aos assuntos políticos, fragmentos de um desprezo cada vez maior por essa classe que, de forma altruísta – dizem eles –, da justiça – esse conceito amplo e enigmático – faz compadrio, corrompe, manipula, trucida os cumpridores e absolve os que dela se servem para apagar as manchas de um passado vergonhoso e lhes garantir um futuro sem perigos e afortunado para os abutres complacentes que os rodeiam: os medíocres.

Ponto de ordem (regresso a BHL): não é que nas escassas duzentas páginas que até agora traguei tenha encontrado um discurso literário exemplar, dentro do limite estético que uma obra sobre um relato verídico de uma grande viagem permite; em abono da verdade, até encontrei em algumas passagens um tipo de dissertação eivada de preconcepções e de uma visão europeísta sobranceira que, por muito esforço de despoluição que se tenha empreendido, contamina uma realidade, apesar de tudo, díspar.
Acabei de sentir um impulso irreprimível para neste espaço escrever qualquer coisa sobre um dos episódios que acabei de ler e que, fruto do tempo ou quiçá de uma instabilidade emocional – e que se fodam os presumidos coriáceos que nunca verteram uma lágrima perante o belo, na miríade de formas que este pode assumir –, me comoveu profundamente pelo exemplo de coragem, de abnegação por uma causa sem proveito próprio, pelo carácter de dois homens que, como BHL os definiu, são «duas personagens admiráveis» (pág. 193): Morris Seligman Dees, Jr. e Jim Carrier.

Liberdade!

1 comentário:

Anónimo disse...

Abril. Até.