Pouco depois da hora em que o mundo iria acabar, e ponderado o espírito do tempo, é chegado o momento de mostrar ao meu (talvez constituído por 10 pessoas que ainda têm pachorra para ler o aqui escrevo, que de ano para ano se tornou mais insípido, desinteressante e sem a chama da exaltação perante os pensamentos exteriorizados, os sentimentos proclamados e as acções praticadas em que prevalecem impudicamente a iniquidade, a estultícia e/ou a perfídia que, decerto, resultam de um íntimo erro de base na catalogação, porque na verdade, eliminando a minha eventualmente distorcida mundividência, se tratam de formas de pensar, de sentir ou de agir justas, sensatas e/ou honestas), mas como dizia eis que, nas horas subsequentes ao pseudo-armagedão e tal como prometi, chegou o momento de revelar o meu primeiro balanço fílmico do ano, divulgando os filmes que me mereceram uma nota positiva entre aqueles que pude ver – geralmente não discorro sobre aqueles que não vejo, embora possa manifestar alguma desconfiança (um nebuloso apriorismo) em razão de inúmeros factores que me possam ajudar a intuir sobre as suas potenciais peculiaridades que me levam à troça fácil.
Assim, antes de divulgar a lista, deixo aqui ficar um pequeno resumo estatístico sobre os filmes estreados em salas de cinema nacionais em 2012, em concreto as estreias que ocorreram entre os dias 29 de Dezembro de 2011 e 20 de Dezembro de 2012, inclusive:
- Nesse período estrearam em Portugal 285 filmes;
- Do total de filme exibidos, consegui ver 59 (21%), facto incontornável e que se tratou de uma verdadeira surpresa para este vosso listómano, porquanto já me havia convencido de que este tinha sido o ano menos profícuo em deslocações ao cinema – a propensão marginal imaginada para o consumo artístico desce consideravelmente em períodos de semi-perda de soberania por resgate financeiro (pessoal e nacional);
- Do conjunto anterior, 2, 12 e 10 filmes foram produzidos em 2010, 2011 e 2012, respectivamente;
- Desses 59 filmes vistos, 24 mereceram nota positiva, 22 foram-me completamente indiferentes (o entusiasmo foi tão grande que a maioria já há muito havia debandado da minha memória, não fora a minha (in)útil mania de os pontuar no IMDB, e os 59 passariam a quarenta e muitos) e 13 foram incluídos na confusa escala que vai do “horripilante” ao “indigno” como objecto de manifestação artística;
- Entre os que se incluem no grupo dos 79% não vistos, destaquei 10 que eventualmente poderiam fazer aumentar a lista dos melhores, baseando-me em opiniões de profissionais e amadores da coisa fílmica que muito reputo, tanto em termos nacionais, como internacionais;
- Dos 24 filmes que, como já referi noutro texto, tocaram a minha veia sensível, 11 foram produzidos nos Estados Unidos;
- Dos 13 filmes que me repugnaram, horrorizaram, decepcionaram e/ou me induziram a náusea, 7 foram produzidos nos Estados Unidos.
Finda a estatística, eis os 24+ de 2012 (semifinalistas, como explicarei no fim deste texto), organizados por ordem alfabética – alfanumérica, se quiserem – do título em português, afora artigos definidos e indefinidos:
- 4:44 Último Dia na Terra, de Abel Ferrara (4:44 Last Day on Earth, 2011);
- À Queima-Roupa, de Fred Cavayé (À bout portant, 2010);
- Amigos Improváveis, de Olivier Nakache e Eric Toledano (Intouchables, 2011);
- Amor, de Michael Haneke (Amour, 2012);
- Argo, de Ben Affleck (2012)
- O Cavalo de Turim, de Béla Tarr (A torinói ló, 2011);
- César Deve Morrer, de Paolo Taviani e Vittorio Taviani (Cesare deve morire, 2012);
- Cosmopolis, de David Cronenberg (2012);
- Crónica, de Josh Trank (Chronicle, 2012);
- O Deus da Carnificina, de Roman Polanski (Carnage, 2011);
- O Dia Antes do Fim, de J.C. Chandor (Margin Call, 2011);
- Elena, de Andrey Zvyagintsev (2011);
- Enterrado, de Rodrigo Cortés (Buried, 2010);
- Holy Motors, de Leos Carax (2012);
- Le Havre, de Aki Kaurismäki (2011);
- Uma Lista a Abater, de Ben Wheatley (Kill List, 2011);
- Looper – Reflexo Assassino, de Rian Johnson (Looper, 2012);
- Martha Marcy May Marlene, de Sean Durkin (2011);
- Millennium 1 – Os Homens que Odeiam as Mulheres, de David Fincher (The Girl with the Dragon Tattoo, 2011);
- Tabu, de Miguel Gomes (2012);
- Temos de Falar Sobre Kevin, de Lynne Ramsay (We Need to Talk About Kevin, 2011);
- The Grey – A Presa, de Joe Carnahan, (The Grey, 2012)
- Vergonha, de Steve McQueen (Shame, 2011);
- As Voltas da Vida, de Robert Lorenz (Trouble with the Curve, 2012).
- Da lista acima mencionada, serão extraídos 10 que serão organizados por ordem de preferência e constituirão o meu Top 10 – Os Melhores Filmes de 2012 –, tal como 7 serão apresentados por ordem alfabética integrando a lista de “Menções Honrosas” – filmes fora do Top 10 mas que merecem destaque na lista dos 24;
- Listarei 10 filmes não vistos que, eventualmente, poderiam influenciar as listas dos melhores;
- Revelarei a lista dos meus mui estimados “Razzies”, que inclui 10 filmes extraídos dos 13 que considerei repugnantes, horrorosos, decepcionantes e/ou nauseantes, organizados do pior ao menos mau – o que significa que, ao contrário dos que me agradaram, a imensa comunidade que me segue não ficará a conhecer os 3 maus que ficaram de fora, assim como, note-se, os 22 que me foram absolutamente indiferentes;
- Em resumo, só dou a conhecer o título de cerca de 58% dos filmes que tive a oportunidade de ver e quase 4,5% dos que não vi, estreados em salas de cinema durante 2012.