quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Os Melhores Filmes de 2012 e mais umas tralhas



Por problemas informáticos não publiquei, de acordo com o que pretendia, as listas que aqui referi mais cedo durante este dia, o dos despojos natalícios. Infelizmente, este não se fica pela famosa Roupa Velha, mas vai mais além, manifestando-se num conjunto bastante amplo de consumistas que dormem, quais vagabundos de cara tisnada pelo frio, à porta das grandes superfícies comerciais para adquirir o gadget ou a roupinha com logótipo de pretenso luxo a metade do preço, e posteriormente ostentar no bando pequeno burguês que envolve as suas vidas.
Resolvido o assunto informático, só me resta, sem muitas palavras, concretizar o que havia prometido. Deixo uma nota, apenas, para manifestar o não tão estranho desfasamento entre as listas publicadas abaixo e as outras organizadas por gente que entende da coisa e/ou que faz dela profissão. Se Amigos Improváveis (Intouchables, 2011) é o feel-good-movie-of-the-year, e aquele que mais receitas arrecadou no centenário cinema francês, isto não significa que a partir de agora assuma como premissa que a magnitude da multidão que aflui às salas de cinema demonstre uma razão para qualificar de belo, decente e tecnicamente perfeito o filme em questão; não me guio por isso, e até, na maioria das vezes, o popularucho provoca-me uma certa urticária, logo a popularidade não é, nem pode ser, uma razão directa ou inversamente proporcional para a apreciação; aqui e agora manifesto apenas o verdadeiro prazer que, confesso, com a tal desconfiança a priori, retirei do visionamento da obra da dupla Nakache e Toledano, a que em muito contribuiu o momento fílmico do brutal 3.º andamento do Concerto n.º 2 em sol menor das Quatro Estações de Vivaldi (“L’estate”, Presto). Nem posso deixar de referir a minha devoção kaurismakiana pelas efabulações visuais da vida como ela é, a que passa pelos nossos olhos, mas que não vemos ou entendemos, ou não a queremos olhar e compreender. Fincher teria de constar, apesar do franchise e do decalque americano da obra sueca. Finalmente, continuo a não entender os adoradores de Magic Mike do ardiloso Soderbergh – um fenómeno nebuloso para mim , mas que surgiu em várias listas de gente graúda nesta matéria ao lado dos melhores.
The End.

Os 10 Melhores Filmes de 2012 (por ordem de preferência):
  1. Martha Marcy May Marlene, de Sean Durkin (2011);
  2. Tabu, de Miguel Gomes (2012);
  3. O Cavalo de Turim, de Béla Tarr (A torinói ló, 2011);
  4. Amor, de Michael Haneke (Amour, 2012);
  5. Looper – Reflexo Assassino, de Rian Johnson (Looper, 2012);
  6. Holy Motors, de Leos Carax (2012);
  7. Cosmopolis , de David Cronenberg (2012);
  8. César Deve Morrer, de Paolo Taviani e Vittorio Taviani (Cesare deve morire, 2012);
  9. 4:44 Último Dia na Terra, de Abel Ferrara (4:44 Last Day on Earth, 2011);
  10. The Grey – A Presa, de Joe Carnahan (The Grey, 2012).

7 Menções Honrosas (por ordem alfabética do título em português):
  • Amigos Improváveis, de Olivier Nakache e Eric Toledano (Intouchables, 2011);
  • Crónica, de Josh Trank (Chronicle, 2012);
  • O Dia Antes do Fim, de J.C. Chandor (Margin Call, 2011);
  • Elena, de Andrey Zvyagintsev (2011);
  • Le Havre, de Aki Kaurismäki (2011);
  • Millennium 1 – Os Homens que Odeiam as Mulheres, de David Fincher (The Girl with the Dragon Tattoo, 2011);
  • Temos de Falar Sobre Kevin, de Lynne Ramsay (We Need to Talk About Kevin, 2011).

Como se tornou hábito neste blogue, é divulgada uma lista de filmes supostamente preciosos e imperdíveis que, por vários motivos, não tive a oportunidade de ver (o centralismo cultural é um dos principais). Em 2012 indico 10 filmes “não-vistos” que, de acordo com a crítica e com a opinião de pessoas que reputo de bom juízo cinéfilo, poderiam alterar as listas acima referidas (organizados por ordem alfabética do título em português):
  • 007 – Operação Skyfall, de Sam Mendes (Skyfall, 2012);
  • Apollonide – Memórias de um Bordel, de Bertrand Bonello [L’Apollonide (Souvenirs de la maison close), 2011];
  • Era Uma Vez na Anatólia, de Nuri Bilge Ceylan (Bir zamanlar Anadolu’da, 2011);
  • O Gebo e a Sombra, de Manoel de Oliveira (2012);
  • A Loucura de Almayer, de Chantal Akerman (La folie Almayer, 2011);
  • O Meu Maior Desejo, de Hirokazu Koreeda (Kiseki, 2011);
  • Michael, de Markus Schleinzer (2011);
  • Morre... e Deixa-me em Paz, de Richard Linklater (Bernie, 2011);
  • O Polícia, de Nadav Lapid (Ha-Shoter, 2011);
  • Polissia, de Maïwenn (Polisse, 2011).

Finalmente, os “Razzies” deste blogue, ou seja os piores filmes do ano. Com alguma infelicidade, multipliquei cerca de meia dúzia de euros por 13, mas apenas revelarei 10 desses miseráveis.
Os 10 Piores Filmes de 2012 (ordenados da 1.ª à 10.ª posição, ou seja, do pior ao menos mau):
  1. À Fria Luz do Dia, de Mabrouk El Mechri (The Cold Light of the Day, 2012);
  2. O Corvo, de James McTeigue (The Raven, 2012);
  3. Impune, de Dito Montiel (The Son of No One, 2011);
  4. A Mulher de Negro, de James Watkins (The Woman in Black, 2012);
  5. Magic Mike, de Steven Soderbergh (2012);
  6. O Monge, de Dominik Moll (Le moine, 2011);
  7. Estrada de Palha, de Rodrigo Areias (2012);
  8. Adeus, Minha Rainha, de Benoît Jacquot (Les adieux à la reine, 2012);
  9. Declaração de Guerra, de Valérie Donzelli (La guerre est déclarée , 2011);
  10. Rampart, o Renegado, de Oren Moverman (Rampart; 2011).