E como num estranho processo de contágio, porventura um exercício deliberado de auto-recriminação em forma de novela, Roth transpôs o fracasso de Simon Axler para a luta encarniçada, que referia numa entrevista recente, de Philip, o escritor, até alcançar a obra: o tal abatimento pós-escrita.
Não é que não se sinta aquela voz impulsiva e obstinada com que nos permitiu, felizmente, captar a sua criatividade, que julgáramos infinita, ao longo da sua espantosa obra. Mas esses, os deuses, também falham. E o libidinoso grotesco que Roth maneja como ninguém, é mesmo neste caso liminarmente grotesco e artificial, como o falo verde de látex, de onde o nosso espírito,
por mais indulgente que seja e mesmo com arnês, já não consegue fugir até ao pretendido
pathos tchekhoviano final, puerilmente falhado.
[Sobre A Humilhação]
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