O José Pacheco Pereira, com a coragem que se lhe reconhece – excluindo desse qualificativo o grau de acertamento de algumas das suas posições que, por vezes, carecem de alguma razoabilidade, veja-se o caso da necessária libertação do pró-nazi Mário Machado –, assegura que um «dos grandes e eficazes eleitores de Menezes foi a acedia», ou seja, a apatia, a prostração, o baixar de braços perante a virtude, que se julga inalcançável, e a assunção conformada da inevitabilidade do mal, com a consequente adaptabilidade ou uma coexistência perversa, nefasta aos valores morais e superiores interesses de uma sociedade.
Saindo do micro para o macrocosmos, não será a acédia uma das marcas distintivas da sociedade portuguesa dos nossos dias?
Acaso não somos nós, nas nossas relações institucionais, profissionais ou particulares, diariamente confrontados com a tristeza perante o bem e a feliz convivência com o mal – desde que este não afecte de imediato a nossa esfera privada –, tendo a consciência de que qualquer alerta perante esse ramerrame incubador e gerador da mediocridade nacional é, hoje em dia, o principal factor de exclusão, ou melhor de intensa segregação dos indivíduos no exercício das suas funções em qualquer cargo de poder ou em qualquer posição que envolva a tomada de decisões?
Sim, falo dos bens escassos da seriedade, honestidade, integridade, rectidão… querem mais sinónimos?
E é pelo simples facto de serem escassos e de já se encontrarem catalogados como em vias de extinção que a sua aquisição tem um preço que a maioria das bolsas não pode comprar… logo, a acédia, a resignação… o ingleses chamam-lhe numbness, quando sobre o vocábulo impende a significação ética, ou se quisermos, teológica na acepção de Tomás de Aquino.
Em 1995, Cavaco Silva enterrou o partido, que mais tarde poderia ter sido ressuscitado com Marcelo Rebelo de Sousa, quando este foi apunhalado pelos acediosos, e a partir de então, através da sua retórica bem remunerada e da sua repulsa – ou medo – pelo poder, se deixou vencer pela… acédia (ou acedia).
Saindo do micro para o macrocosmos, não será a acédia uma das marcas distintivas da sociedade portuguesa dos nossos dias?
Acaso não somos nós, nas nossas relações institucionais, profissionais ou particulares, diariamente confrontados com a tristeza perante o bem e a feliz convivência com o mal – desde que este não afecte de imediato a nossa esfera privada –, tendo a consciência de que qualquer alerta perante esse ramerrame incubador e gerador da mediocridade nacional é, hoje em dia, o principal factor de exclusão, ou melhor de intensa segregação dos indivíduos no exercício das suas funções em qualquer cargo de poder ou em qualquer posição que envolva a tomada de decisões?
Sim, falo dos bens escassos da seriedade, honestidade, integridade, rectidão… querem mais sinónimos?
E é pelo simples facto de serem escassos e de já se encontrarem catalogados como em vias de extinção que a sua aquisição tem um preço que a maioria das bolsas não pode comprar… logo, a acédia, a resignação… o ingleses chamam-lhe numbness, quando sobre o vocábulo impende a significação ética, ou se quisermos, teológica na acepção de Tomás de Aquino.
Em 1995, Cavaco Silva enterrou o partido, que mais tarde poderia ter sido ressuscitado com Marcelo Rebelo de Sousa, quando este foi apunhalado pelos acediosos, e a partir de então, através da sua retórica bem remunerada e da sua repulsa – ou medo – pelo poder, se deixou vencer pela… acédia (ou acedia).
1 comentário:
e a acedia junta-se quase sempre a vitimização: a ideia de que alguém, um terceiro, teria a obrigação de fazer com que as coisas fossem diferentes
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