Hoje de manhã, ao ligar-me à Fnac espanhola, reencontrei um dos fantasmas do meu passado, Kristin Hersh. Em 1994, entre os meus 21/22 anos de (in)experiência empilhada por uma vida burguesa, de diletante – em busca de sombras para tornar expressiva uma vida anódina – a Rat Girl, que, uma década antes, noutra dimensão e suportando um fardo de um peso inaudito, vivenciou esse mesma deriva crepuscular, edita o seu primeiro e sublime álbum a solo, Hips and Makers.
Encontrávamo-nos naquele quarto atulhado com as superfluidades das nossas vidas – quando a dor, de que nos arrogávamos ser os sumos-sacerdotes curtisianos, ainda nos assombrava como uma nuvem pulviscular (vale-me o Mestre Calvino, o Italo) que só se dissipou na Primavera desse mesmo ano pela crueldade da tirania divina que fez de mim o agnóstico que vinte anos não mudaram – ligávamo-nos à eterna XFM, para desgosto dos ouvidos incuravelmente musicófobos da nossa mãe, e escutávamos, sem parar, as músicas que saltavam do disco, repetido pela novidade, da melhor estação de rádio de sempre: “Teeth” e “A Loon”, mas também “The Cuckoo”, e principalmente “Your Ghost” – nem de propósito, no início deste mês cujo fim marca uma década da Tua Ausência:
I think last night
you were driving circles around me.
you were driving circles around me.