Um tipo aprende a gostar de um filme – you can’t always get what you want, com o London Bach Choir… Karen, JoBeth Williams, dá o mote para a celestial ironia que acompanha o caixão à sua cova –, incutido por um tio solteirão que, por haver nascido depois do tempo, completou os seus dezoito anos em pleno PREC , tarde para esfrangalhar os nervos no Ultramar, bem a tempo da fraternidade herbácea, do espírito comunitário e da promoção da propriedade pública conjugal, e do livro vermelho do camarada Mao, e depois espera, desespera e jamais alcança por outra coisa igual do idealista Lawrence, o Kasdan de um filme só*.
Eis que há algumas semanas regressou, e o meu espírito rememorativo trouxe uma esperança – será que é desta? Foi logo desfeita pelos medíocres fogachos entrevistos na tela através do anúncio da sua estreia iminente por cá, bem como na sua (má… destruidora) crítica, em que destaco esta de Nick Schager (Mick Jagger!?), com a lapidar e porventura enluvável frase que abre a sua recensão na Slant:
«A lost-dog drama so insufferable it makes one wish its human characters would also run off and never return […]»
E que desperdício: Dianne Wiest e Diane Keaton, pelas raparigas; Kevin Kline e Sam Shepard, pelos rapazes.
Olha a gravata e… passa, enquanto o polivalente David Frost, entre o furo do exsudativo e gravador (não, não esculpia lápides) Richard Nixon e o flower power, apresenta os Stones em estúdio… e depois fala com o Príncipe Carlos:
Nota: *Exagero para fins dramáticos, ainda que bem longe da hipérbole. Kasdan antes do Big Joint… Chill, realizou o bastante aceitável e polémico Noites Escaldantes (Body Heat, 1981) – emparelhamento e harmonia perfeitos Turner/Hurt –, e escreveu para o ecrã o melhor Star Wars (O Império…) e o mais sério Indiana Jones (o da Arca), mas também rivalizou com o Gallo – não o Vincent, o azeite – no gorduroso O Guarda Costas (The Bodyguard, 1992), protagonizado por aquela dupla inolvidável: o Tony Carreira dos ecrãs made in Hollywood (que para além de não se limitar a guardar, também não ficou só pelas costas), e a personificação mais perfeita do Hoover – é tempo livre! – de Beverly Hills e arredores; dizem que não houve pó que lhe resistisse e, como há pouco tempo se provou, pulverizou-se no éter.