quinta-feira, 28 de junho de 2012

Um Trio

Poucas palavras e longe da semântica concupiscente do linguajar da contemporânea concepção metro que o título poderia encerrar, eis a minha escolha ternária (expressa na imagem, tendo presente que, as anteriores e as poucas que se lhe seguem, foram mesmo as únicas palavras escritas neste blogue sobre o evento findo):

Nota: A Estrela não foi incluída, não por pressão de um apriorismo (que o há), mas sobretudo pela espantosa versatilidade fonética que lhe permite enunciar, urbi et orbi, a palavra “olusedade”.

terça-feira, 26 de junho de 2012

O Scozzy com Metafísica

By Martin Amis*
«Hoje em dia é tudo papelada. Foi essa a nossa evolução. Das picaretas… para a papelada.»**

Notas:
*Martin Amis, A Informação, pág. 199. Lisboa: Quetzal, Junho de 2012, 514 pp. (Tradução de Jorge Pereirinha Pires; obra original: The information, 1995.)
**E prossegue, mais adiante: «Um caos aparelhado […] a literatura [está] cada vez mais pesada e mais peluda, até tudo ter acabado e se chegar à papelada.»

quarta-feira, 20 de junho de 2012

E O Mestre regressa com...

The Master, P.T. Anderson


“Hopelessly Inquisitive”
P. Seymor Hoffman / J. Phoenix / Amy Adams & Laura Dern

Uma vez mais com BSO a cargo do assombroso radioheader Jonny Greenwood, por muito que custe ao irreconhecível, quase-afónico (perdeu o falsete de cana rachada), inchado e ressentido, como uma abóbora já mesmo esborrachada, Billy Corgan, um dos melhores guitarristas dos últimos tempos, simultaneamente responsável por inquietantes e geniais bandas sonoras.
Dou três exemplos:
  1. Haverá Sangue, de Paul Thomas Anderson (There Will Be Blood, 2007);
  2. Norwegian Wood, de Tran Anh Hung (Noruwei no mori, 2010);
  3. Temos de Falar sobre Kevin, de Lynne Ramsay (We Need to Talk About Kevin, 2011).

segunda-feira, 18 de junho de 2012

When it grows dark we always need someone*


Beach House, “Myth”, Bloom (2012; Bella Union)


Help me to name it! (Não te acomodes na indiferença perante o teatro do sofrimento. Aquilo que fomos.)
«“Nunca sabemos quem somos. São os outros que nos dizem quem e o que somos. Explicam-nos tantas vezes quem somos, e de formas tão diferentes, que, no final, acabamos por não saber em absoluto quem somos. Todos dizem de nós algo diferente. Até nós mesmos estamos sempre a mudar de opinião. Se a isso acrescentarmos que nos esforçamos por surpreender os outros sendo várias pessoas ao mesmo tempo, o que na verdade acaba por acontecer é que acabamos por não ter a menor noção de quem somos ou poderíamos ter sido” (Juan Lancastre, A Interrupção).»
Enrique Vila-Matas, Ar de Dylan, pág. 124.
[Lisboa: Teodolito, 1.ª edição, Março de 2012, 259 pp; tradução de Miranda das Neves; obra original: Aire de Dylan, 2012.]
*Nota: «Yes. It's odd — when it turns dark you need someone.» (Patricia Hollmann”, por Margaret Sullavan (1909-1960) em Três Camaradas (Three Comrades, 1938), de Frank Borzage (1893-1962).

sábado, 16 de junho de 2012

Fiat Tenebras


Incómodo. Perplexidade. Desconforto. Irritação. Sufoco. Prostração. Rendição. Êxtase.


Nestas quatro décadas a deambular por quilómetros de fotogramas em movimento, não me recordo de, no processo recapitulativo de apreciação de um filme, conseguir relacionar, num todo harmonioso, aquelas oito palavras que, com uma inquietante precisão, descrevem a minha experiência no seu visionamento.

Béla Tarr (n. 1955), o artífice, de quem apenas vi O Homem de Londres (A Londoni férfi, 2007).

Fiat Lux: o início dos 146 minutos com a narração do lendário delíquio de consequências irreversíveis de Nietzsche em Turim. O cavalo e a sua corrida fustigada pelo vento. Um velho. A filha. O anti-Génesis. Da Luz às Trevas; do descanso ao flagelo, em seis dias… o que fará Ele no 7.º?

quarta-feira, 6 de junho de 2012

¡Qué viva España!

Philip Roth
(n. 1933, Newark, NJ, EUA)


Notas:
1) Aos vetustos membros da Academia Sueca esta notícia jamais chegará (Ah, impenetrável couraça snob esquerdóide!) Roth está entre aqueles que não participam no diálogo da cultura mundial (Engdahl dixit);
2) Para mais informações em português, consultar a notícia em actualização do Público