domingo, 26 de outubro de 2008

De derrota em derrota

Ibson e Leandro Lima
Há argumentos para o descalabro: deixámos fugir Paulo Assunção pela cupidez de mais uns trocos (explicação: não queremos gananciosos no nosso plantel); Bosingwa foi para o Chelsea (explicação: não poderíamos cortar as pernas ao melhor lateral direito do mundo; entretanto entraram mais 24 milhões, para onde?) Quaresma portou-se mal e pressionou para a saída, fechámo-lo a sete chaves para que o cigano aprendesse, depois baixámos as calças fazendo substituir, por um arabesco retórico, os 40 milhões exigidos por 18 milhões e… o Pelé, nome de craque (explicação: quem está mal muda-se e até veio um Assunção rejuvenescido... acabou-se o desatino da contratação de todos os defesas esquerdos do mercado, agora temos trincos; a casa está protegida, depois do assalto às claras, trincos à porta).
Ao comando mantemos Jesualdo Ferreira (com a saída de Carlos Azenha, fomos buscar José Gomes; ficou a dupla que, há alguns anos, tão bom resultados deu ao Benfica…)
Com Jesualdo somos bicampeões (para o “tri” teríamos de acrescentar o casmurro e incómodo Adriaanse). Perdemos duas Taças de Portugal e duas Supertaças frente ao Sporting, mas vamos vencendo o Benfica…
Nos últimos dois anos, contratámos um grupo inteiro de uma escola de tango: Benítez, Mariano, Bolatti, Tomás Costa, Farías, que se juntam à dupla de contrariados e insatisfeitos, com o seus gordos vencimentos, Lucho e Licha. Fomos à Colômbia buscar o afamado Guarín, depois do desastre Rentería (de quem espero que, em partenariado com o Alan, fique por muitos e bons anos na cidade dos arcebispos). Roubámos o Rodríguez ao Benfica. Pedimos à Marvel o Hulk. Eclipsámos aquele de quem se dizia ser o melhor defesa central do futuro, Stepanov. Deixámos o desgraçado do Raul Meireles sozinho a meio-campo, a percorrer o terreno todo sob o peso das tatuagens.
Mas temos Jesualdo e o seu idiossincrático e hidiano simpático/abespinhado na presença de jornalistas e de adeptos insatisfeitos.
E repito-me, já foram as taças e as supertaças, e a honra e a glória com o Nacional em casa, com o Chelsea, Liverpool e o Arsenal fora… e, ontem, o Leixões… «foi horrível», disse. Continuará a ser terrível, digo eu.
Entretanto, lá em cima, reproduzidos em píxeis, figuram o melhor jogador do Brasileirão da última época, Ibson (ainda para mais, pela onomástica, um quase excelso dramaturgo, ou um homem que trata os dramas por tu), e a, até há bem pouco tempo, grande esperança do futebol brasileiro, Leandro Lima (um pouco confundido com a idade, é certo, mas seria, certamente, uma preciosa ajuda para um meio-campo inexistente, que serviria de tampão para uma defesa de 5.ª categoria) – e ainda falta dissertar um pouco sobre o que se passou com o Bruno Moraes...
Entretanto, Jesualdo vai descarregando a sua bílis sobre tudo e todos.
Sou sócio do meu clube há quase 33 anos. Já paguei uma enormidade em quotas, uma pequena fortuna em lugares anuais (que abandonei com Adriaanse), e alguma coisa em produtos oficiais com marca registada… não sou accionista, e recuso-me a sê-lo enquanto o controlo pertencer a uma trupe que faz do meu clube um entreposto de jogadores, uma plataforma giratória de jogadores da bola entre a América Latina e a Europa.

A mim Jesualdo não me dá, nem nunca me dará lições de portismo. Afortunadamente, nunca pertenci à tenebrosa e ignara gentinha que por aqui denominei de “massa assobiativa”. Exijo, por isso, respeito e consideração pelo meu sofrimento semanal de adepto fervoroso – é bem certo que atenuado com algumas infelicidades, de todo o género e feitio, que sobre mim se abateram há coisa de sete anos e que insistem na sua laboriosa mortificação da minha alma.

Exige-se responsabilização.

Quero uma explicação cabal para o afastamento daqueles dois que, propositadamente, coloquei a envergar camisolas com outras cores que não as azul e branca.

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