domingo, 13 de novembro de 2011

Uma punch line do atordoante Smog


«Estourei os micrómetros com os primeiros golpes que dei no saco de areia. Prendi-os com uma ligadura à volta das mãos antes de calçar as luvas e arremeti contra o saco até os dedos ficarem ensanguentados, desfeitos e em carne viva.
»O meu treinador está muito, muito impressionado. Quero dizer, não parece de todo impressionado. Cheguei a convencer-me de que descobriria o meu potencial. A semente. Da grandeza. Nem pensar.»
Bill Callahan, Letters to Emma Bowlcut (Chicago: Drag City, 2010) [excerto da “Carta 59”; tradução livre: AMC]

Persisti em esmurrar-vos nos gumes escabrosos da realidade; expostos, despidos no púlpito do desespero. Degradante exibicionismo. Sois miseráveis, afastados da ribalta pelos aduladores da podridão. Jamais saltareis para o ringue. Vós? Nunca… Nós? Em tempo algum. Até ao dia. Rebentarei. Eu.


Bill Callahan, “Riding for the Feeling”, Apocalypse (Drag City, 2011)