quinta-feira, 29 de maio de 2008

Lista Negra [actualizado]

Por simples exercício de comparação, que através da preciosa ajuda de uma folha de cálculo e da conhecida técnica “copy & paste” não durou mais de 10 minutos, consegue-se facilmente chegar a uma lista de Editoras e Livreiros que resolveram demarcar-se do conjunto pela ausência da 78.ª edição da Feira do Livro do Porto (FLP), que ainda permenacerá de portas abertas até ao próximo dia 10 de Junho nos calabouços nas instalações do Pavilhão Rosa Mota (sito nos jardins do Palácio de Cristal), mas que, ao invés, não deixaram de marcar a sua presença no mesmo evento realizado no afamado local na Capital do Império – afamado, pelos serviços de primeira necessidade prestados durante o ano inteiro à população. Note-se, que em alguns casos, os faltantes por razões comerciais da FLP, dispõem de uma presença assinalável, com vários stands em Lisboa, como por exemplo a Bertrand Editora, mesmo excluindo os mini-pavilhões das outras chancelas do grupo DirectGroup – Bertelsmann também presentes no evento.
Assim, facilmente se chegou a uma lista de 20 editoras ou livreiros, que aqui serão expostos a título informativo, para fins de boicote na aquisição dos livros por si publicados (vai ser difícil, vide o texto anterior sobre um livro de uma delas) ou na deslocação a esses postos de venda; e, porque não?, para memória futura (já que a idade não perdoa, e um recurso informático deste calibre não é de desprezar). Ei-las, por ordem alfabética:

Alguns comentários:

  1. À lista supra-referida poder-se-ia acrescentar outro conjunto de editoras que aumentaria de forma considerável a cifra de 20 não-presenças na FLP. A exclusão dessas editoras deveu-se, única e exclusivamente, a um critério pessoal de selecção. Excluíram-se, por exemplo, as editoras de livros escolares ou de literatura infantil. Apenas me preocupei com as produtoras de Literatura (conto, novela, romance, ensaio, poesia, teatro, não-ficção em geral).
  2. De modo inverso, isto é, das que marcaram presença no Porto e não em Lisboa, há apenas a destacar a excelente casa portuense Edições Caixotim, que, a propósito, emitiu um comunicado transcrito na íntegra no Blogtailors, onde, para além de uma abordagem pertinaz sobre o estado de degradação actual da FLP, potenciado pelos nossos queridos responsáveis pela Câmara Municipal, dá o devido destaque ao ponto de que se ocupa este texto, muito embora a Caixotim se refira em exclusivo ao grupo LeYa, que ainda “participou” indirectamente com um escasso número de títulos através da desconhecida “Inovação à Leitura”, que segundo me disseram é uma distribuidora de livros de Braga:

    «Entretanto, alargando o âmbito desta análise, ao declarar abertamente, através da comunicação social, o seu desinteresse na participação da Feira do Livro do Porto, justificando-o por uma premissa de ordem comercial, o Grupo LeYa manifestou, para com os leitores do Norte, em geral, e os portuenses, em particular, um total alheamento, senão desprezo, mitigado por uma solução de remedeio encontrada à última hora e que se traduz na presença de uma distribuidora que expõe e comercializa os livros das editoras desse Grupo.» [destaques meus]

  3. Não se entende a estratégia do grupo Bertrand, que se prepara para inaugurar mais uma mega-loja com vários pisos no coração da Boavista. Para nosso grande consolo, apenas relegaram para a provinciana FLP os-mais-chatos-que-testemunhas-de-jeová funcionários/angariadores arrebatados [eufemismo] do Círculo de Leitores. Por outro lado, os responsáveis da editora do grupo alemão nem sequer tentaram a tal "solução de remedeio" através da inclusão dos seus livros através de uma distribuidora.
  4. Não se entende a não-presença da Fnac, pela primeira vez desde que chegou à Invicta. Ter-se-ão amedrontado com o excelente stand do El Corte Inglés, com inúmeros títulos em castelhano? Fará parte de uma estratégia de retirada, e irão fechar as três lojas do Grande Porto (GaiaShopping, NorteShopping e Santa Catarina)?
  5. Quanto à estratégia da Guimarães renovada, cedo me apercebi de um certo elitismo disfarçado que pululava sobre projecto. Com um patrão multimilionário, jovem e reformado, acabado de sair da banca por um processo no mínimo heteróclito, preocupou-se em formar um conselho editorial sonoro para uma determinada estirpe de frequentadores de eventos sociais quase esotéricos, com direito a pose junto de vivendas de assinatura nas revistas cor-de-rosa – estas, veículos privilegiados de práticas exotéricas, ou plásticas [eufemismo] das suas actividades em prole do povo, essa coisa enorme. Espero, com sinceridade, estar redondamente enganado.
  6. Não podia terminar este texto sobre a configuração de uma lista negra de editoras, sem que se fizesse uma referência especial a três outras cujo respeito pelos consumidores, as práticas de negócio, a não discriminação de públicos, em suma, os modos de agir são diametralmente opostos aos dos indexados. Falo, designadamente, da minha tríade de eleição, com a Relógio D’Água à cabeça – Francisco Vale, por favor não ceda, a sua editora é, de longe, a melhor do país –, a Assírio & Alvim e a Cotovia.

[Actualização às 20:02]: tal como referi no ponto 2 dos comentários relativamente às editoras do grupo Leya, há outras editoras que havendo decidindo pela não-presença na FLP enviaram uma parte dos seus títulos através de representantes ou distribuidores (figurará a vermelho à frente de cada editora).

2 comentários:

Nuno Góis disse...

A pesquisa é muito bem conseguida, mas peço desculpa não poder concordar com o boicote a editoras. E são duas as razões para isso: 1º- Quando compramos um livro é pelo valor da obra ou do autor, nunca do editor. 2º- Seria preciso aprofundar as razões para a ausência de algumas dessas editoras, é que por acaso li aí nomes de editoras que passam por grandes dificuldades e cuja sede é em Lisboa.

Cumprimentos

Mónica (em Campanhã) disse...

André, partilho desta revolta (no meu caso despeito mesmo, quase nojo). E tenho muita pena de não ter conseguido levar a cabo o boicote. Quase sem o perceber já estava no Inovação à Leitura... mas bem me arrependi. Irrita, muito, este desprezo.