quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Nem Tanovic, nem cópula com peixe-gato

Nem tão-pouco o modorrento, porém bastante aprazível, Beauvois. Da lista de 9 semifinalistas consta o Hævnen dinamarquês vencedor do Globo de Ouro (galardão que caminha a passos largos para o nível qualitativo do seu irmão mais novo português); o irritante Iñárritu (por curiosidade, um nome crioulo-anagramático do assertoado qualificativo); a imperiosa presença japonesa (deve tratar-se de um exercício anual de expiação pela fúria radioactiva de Agosto de 1945).
A lista inclui ainda o desconcertante dente canino psicossocial grego de Lanthimos (auf!). Não poderia faltar, my fair..., a chuva em Espanha esquerdista (ético-exclusivista) com uma alegoria analéptico-dicotómica “maldita globalização / exploração pós-colombiana” (dois coelhos: bang! bang! a culpa do ocidente) e, pelos vistos, bastante aplaudida. Regressando ao título, sinto, em boa verdade alguma pena, gostava mesmo de ouvir pronunciar no próximo dia 27 de Fevereiro no Kodak Theatre o vencedor de Cannes deste ano: Apichatpong Weerasethakul, exercício de pronunciação que foi apenas superado pelo do famoso vulcão da Islândia.
Consultar lista aqui.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Os prémios “highbrow” do cinema americano

Ou melhor, foram anunciados, depois de alguns adiamentos, os prémios de cinema atribuídos pela National Society of Film Critics (NSFC) – associação norte-americana de críticos cinematográficos –, constituída por um grupo de 61 intelectuais (entre eles, Ebert, Denby, McCarthy, Travers, Morgenstern, Hoberman ou Melissa Anderson) que se autodenomina como promotor de «A Verdade, uma vez a cada 12 meses». A NSFC foi fundada há mais de quatro décadas em Nova Iorque por Hollis Alpert, em conjunto com outros críticos de renome, como resposta ao exclusivismo da sua congénere New York Film Critics Circle.
Apesar de no ano passado os prémios da NSFC terem, de certo modo, coincidido com os filmes galardoados com os Óscares da Academia nas diversas categorias – e mais em concreto na categoria “Melhor Filme” para Estado de Guerra (The Hurt Locker), de Kathryn Bigelow, coincidência que, com esta, só ocorreu por cinco vezes* desde a sua fundação em 1966 –, estes galardões são normalmente conhecidos como os Anti-Óscares. Atente-se, por exemplo, nos realizadores que já viram filmes seus eleitos como os melhores do ano: Antonioni, Bergman (3 vezes), Costa-Gavras, Robert Altman (2 vezes), Rohmer, Buñuel, Truffaut, Louis Malle, Jarmusch, Kurosawa, David Lynch (2 vezes), Mike Leigh (2 vezes) ou P.T. Anderson. Apesar de haver filmes galardoados nesta categoria do calibre de Um Porquinho Chamado Babe (Babe, 1995, de Chris Noonan), Romance Perigoso (Out of Sight, 1998, de Steven Soderbergh), ou O Labirinto do Fauno (El laberinto del fauno, 2006, de Guillermo del Toro), para apenas nomear alguns, assaz medíocres (na minha íntima opinião) e de gosto bastante discutível.
Fincher soma e segue, com as três maiores votações do ano: 73, 66 e 61 votos, para o Argumento, Realizador e Filme, respectivamente.
Eis os vencedores, por categoria, dos NSFC Awards de 2010 (a 27 de Fevereiro verificaremos se foi ou não mais um ano – seria o 6.º – de coincidências com a Academia):
4 Prémios
A Rede Social (The Social Network), de David Fincher:
Melhor Filme
Melhor Realizador – David Fincher
Melhor Actor – Jesse Eisenberg
Melhor Argumento – Aaron Sorkin
Restantes filmes com 1 prémio cada (por ordem alfabética do título em português):
Carlos, de Olivier Assayas
Melhor Filme Estrangeiro
O Discurso do Rei (The King’s Speech), de Tom Hooper
Melhor Actor Secundário – Geoffrey Rush
O Escritor Fantasma (The Ghost Writer), de Roman Polanski
Melhor Actriz Secundária – Olivia Williams
Indomável (True Grit), de Joel e Ethan Coen
Melhor Fotografia – Roger Deakins
Vencer (Vincere), de Marco Bellocchio
Melhor Actriz – Giovanna Mezzogiorno
Notas: *Filmes que no mesmo ano venceram o Óscar e o NSFC Award na categoria “Melhor Filme” (desde 1966):
- 1977 – Annie Hall, de Woody Allen;
- 1992 – Imperdoável (Unforgiven), de Clint Eastwood;
- 1993 – A Lista de Schindler (Schindler’s List), de Steven Spielberg;
- 2004 – Million Dollar Baby – Sonhos Vencidos (Million Dollar Baby), de Clint Eastwood;
- 2009 – Estado de Guerra (The Hurt Locker), de Kathryn Bigelow.
**Em apenso aos prémios, os críticos NSFC emitiram dois comunicados em jeito de protesto: o primeiro sobre a esdrúxula classificação etária atribuída aos filmes nos Estados Unidos pela Classification & Ratings Administration, órgão da Motion Picture Association of América (MPAA); o segundo repudia as autoridades iranianas pelas recentes condenações dos cineastas Jafar Panahi e Mohammad Rasoulof por motivos estritamente políticos, sentenciados a 6 anos de prisão e as 20 de proibição do exercício da sua actividade.
***Fonte: indieWire.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Feliz Ano de 2011

A voz etérea da maravilhosa Kathleen Battle no único Concerto de Ano Novo dirigido pelo mestre Karajan (já bastante debilitado), dirigindo, claro, a Filarmónica de Viena.

Obra: Frühlingsstimmen (valsa “Vozes da Primavera”) op. 410 (1883)
Compositor: Johann Strauss, filho (1825-1899)
Maestro: Herbert von Karajan (1908-1989)
Orquestra: Filarmónica de Viena
Solista: Kathleen Battle (soprano) (n. 1948)
Data: 1 de Janeiro de 1987
Local: Wiener Musikverein