sexta-feira, 31 de março de 2006

Lágrimas escarninhas #7

Quase me escapava esta «Interrupção no O Cantinho do Hooligan».
E não se pense que faço aqui a apologia do hooliganismo! Bem pelo contrário, é a saudável antologia do hooligan do
Francisco que me leva às lágrimas!

Escarnecimentos anteriores:
#1 Insónia; #2 O Sniper; #3 O Insurgente; #4 Da Literatura, #5 Mau Tempo no Canil e #6 Bombyx Mori.

Ibéria: alegoria de um amor impossível!

O Mar de Madrid, de João de Melo (Dom Quixote, 2006)
«Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.»
De Antonio Machado, Campos de Castilla (1912-1917): Proverbios y Cantares [XXIX]



Eis a obra «O Mar de Madrid», de João de Melo, Publicações Dom Quixote, 1.ª edição de Janeiro de 2006.
Eis Francisco Bravo Mamede, poeta português de muitos caminhos, poeta andarilho em busca da «dimensão do ser e das coisas, muito para além de si mesmo. Até certo ponto, considerava-se um profeta da evidência, um visionário do oculto, um anunciador das verdades que mentem, das mentiras que às vezes dizem verdade.» (p. 28)
E Dolors Claret, escritora catalã, vive em Barcelona com o seu marido galego – rico e adulador dos poderosos, despótico e boémio – e dois filhos gémeos, é autora de novelas negras, porém a sua vida atravessa uma dolorosa encruzilhada, sente-se inquieta e angustiada, «desmoralizada, perdida na confluência de todos os rumos possíveis, mas sem saber por qual deles tomar, nem que rumo escolher» (pp. 50-51), onde os filhos e o «apelo das palavras» (p. 51) são a força motriz da sua vida.
Mas o mar que a Madrid não chega, lá existe na consciência colectiva daquela massa de espíritos que nela se cruzam. O “Marco Zero” da Puerta del Sol, de onde todas as estradas partem em direcção ao mar, como eflúvios de alcatrão em brasa que disseminam a fúria do império, como veios linfáticos que conferem ao corpo a prerrogativa de uma identidade que não é artificial apesar das autonomias, da babilónia de idiomas e da aparente manta de retalhos que é, todavia, cerzida a fios de aço enleados por um código que ninguém, no íntimo do seu ser, pretende desencriptar.
É a Ibéria do eterno romance de partes desavindas; onde perdura o desconhecimento, a inusitada ignorância e a simples indiferença – mais do que o desdém, porque este implica conhecimento e sentimento.
Só quem conhece Madrid pode descortinar esta realidade comum atávica, porém denegada pela mais feroz consciência. O dueto que ostensivamente se separa e se enfraquece, sem a mínima percepção do valor acrescentado da, quase quimérica, união de esforços, que resultaria num todo indiscutivelmente maior do que o somatório das partes.
Portugal poeta. O sonho dos feitos há muito passados e repisados até à exaustão, o devaneio, a saudade; a resignação da espera, prostração, fatalismo, desencanto e abastardamento: é a frequente e fúnebre expectativa, incubada numa passividade recalcitrante, pela intervenção da Divina Providência que nos salve da aflição.
Espanha prosadora. A inventividade, a fúria, o desassossego que lhes corre nas veias, é fúria, enfileiramento de caracteres perfeitamente incrustados na alma de eterna insatisfação; sempre a fúria, a raiva, a incandescência, a luminosidade, a ideia, a alegria contagiante, as vogais altissonantes que nos entram na alma soletradas com paixão, o sorriso aberto e enérgico – até coriáceo – que nos parece afrontar; ó que grande equívoco! É um convite que corporiza um forte e sentido amplexo para partilha da sua vivência, da sua cultura e da sua furiosa idiossincrasia.
Mais do que vizinhos desavindos, são irmãos de costas voltadas. Enquanto um observa num torpor debilitante o mar agreste como expiação de um medo espectral, o outro remira-se ao espelho não perdendo a jactanciosa Europa de vista. Parece um destino há muito marcado, idealizado, fatalista: o fado – mas, paradoxalmente… o livre arbítrio, a apologia de Machado, caminante no hay camino, e o teu caminho é a senda que tu próprio crias e não avanças suspirando o passado.
João de Melo compôs um poema em forma de prosa. Uma alegoria de tons feéricos, grácil e reflexiva.
«O Mar de Madrid» torna-se de leitura obrigatória para quem partilha, como eu, um amor desmedido pela Ibéria, pelas suas raízes, cumplicidades e equívocos. Contudo, a sua leitura é deveras fundamental para os hispanófobos. Sim, para esses mesmos, os do vento e do casamento!

quinta-feira, 30 de março de 2006

Do cacete…

…ou da falta dele!

É importante que se leia
este texto postado no Bombyx Mori.
Alerta-se para o facto de que é manifestamente prejudicial ler o texto sem tirar os olhos da fotografia – risco sério de desalinhamento ocular.
E...
Claro que se pode, já está provado... não, é seguro, não provoca a cegueira!

Afonso, tenha medo, tenha muito medo!

Jordan, Neil Jordan

Neil Jordan's Breakfast On PlutoO último filme do inebriante realizador irlandês de «Jogo de Lágrimas» – com o qual arrecadou o Óscar para Melhor Argumento original em 1992 – estreia hoje nas salas de cinema portuguesas.
«Breakfast On Pluto», ao que dizem, conta com uma magistral interpretação do jovem actor irlandês Cillian Murphy. O argumento baseia-se no romance homónimo do escritor, também irlandês, Pat McCabe, o qual foi incluído na lista final (shortlist) do
Man Booker Prize for Fiction em 1998.
A ver que tal!

Até, pelo menos, à publicação da minha análise crítica, deixo neste blogue a canção interpretada por Dusty Springfield «The Windmills of Your Mind» que acompanha o breve trecho publicitário do filme.

quarta-feira, 29 de março de 2006

R.E.P. – Ele há cada coisa!

Paul Auster - As Loucuras de BrooklynApós haver terminado a publicação do texto anterior, chega-me a novidade que a Asa acaba de editar o último romance de Paul Auster em Portugal.
Assim, proceder-se-á à necessária actualização da secção deste blogue dedicada ao Ritmo Editorial Português. A obra foi publicada em Portugal decorridos 208 dias da sua publicação em França e de 92 dias nos Estados Unidos. O que se poderá qualificar como bom, atendendo ao panorama geral!
O romance foi baptizado em português como «As Loucuras de Brooklyn», de 303 páginas, e faz parte da colecção “Vozes do Mundo” das
Edições Asa.
Agora, até já percebo o erro do
JL! A culpa será do malfadado copy & paste?

Bem, fico-me por aqui, há algo que me forçará a ausentar… (depois de um telefonema, claro!)

Anacronismos

in JL n.º 925, Paul AusterNa edição n.º 925 do JLJornal de Letras, Artes e Ideias – saiu este pequeno comentário [carregar aqui ou na imagem para a ampliar] sobre o romance de Paul Auster «A Noite do Oráculo», Edições Asa, 1.ª edição de Novembro de 2004.
O romance de Auster, o tal que fala dos famosos cadernos portugueses de dons divinatórios, foi publicado pela Henry Holt and Company em Dezembro de 2003 nos Estados Unidos (Oracle Night, 2003).
Entretanto, para além do romance já publicado – numa esmagadora maioria de países, exceptuando o nosso – «Brooklyn Follies», Auster prepara-se para lançar, no final deste ano, o seu novo romance «Travels in the Scriptorium».
Até lá prevê-se a estreia do filme que Auster rodará em Lisboa «A Vida Interior de Martin Frost», com banda sonora de Philip Glass.

Regressando ao tema, a que se ficou a dever este aparente delírio jornalístico?

O diário da tua Providência*

Caravela Portuguesa
Este deveria ser o título do próximo livro de João Pedro George. Enquanto o Couves & Alforrecas permanecer em suspenso, à cautela, JPG poder-se-ia dedicar a escrever um diário sobre as incidências deste episódio da sua vida, porque questiúnculas e o necessário tempo não lhe irão faltar dado o banal procedimento triturador da iníqua justiça portuguesa.
Os dentes da máquina de tortura da justiça – devoradora de homens e aniquiladora da personalidade por mais forte ou incrustada que seja – já se vão afiando para mais um moroso massacre, ao estilo de uma Colónia Penal kafkiana. Aí virão processos dilatórios, requerimentos, audiências preliminares, tentativas de conciliação, escusas de entulhamento de agenda, recursos… enfim, é este o país que temos e, como já proferi, que porventura merecemos!
Não quero parecer fatalista e muito menos conformado, tento lutar e já lutei muito. O que é deveras curioso é que no fim de tudo só me dá vontade de rir perante tanta e tão lusa tacanhez; e, como se não bastasse, acrescente-se que a alforreca mais perigosa do mundo tem o nome de “Caravela Portuguesa”…! [na imagem]
Concordando com a quase totalidade dos textos postados na blogosfera sobre este assunto, destaco, todavia, as palavras professadas pelo
Afonso Bivar na adenda deste texto e as de Eduardo Pitta no seu Allegro [molto vivace].
Aguarda-se pelos próximos episódios, porém é melhor aguardar sentado não vá o tempo criar as aborrecidas varizes.
Pergunta inocente: O que diria o Almada se porventura fosse vivo?
Para recordar o seu célebre Manifesto, aqui deixo a sua prosa declamada por Mário Viegas [ficheiro de áudio retirado
daqui]:

Almada Negreiros - Manifesto Anti-Dantas (por Mário Viegas)

Nota: *Ler a notícia de hoje do DN, onde se entende a razão deste título.

Endogamia [correcção ao comentário]

Francisco José Viegas, no seu blogue A Origem das Espécies, publicou este texto que reporta para a pertinente reflexão – e por que não, grito de alerta! – de Miguel Araújo, no sítio Ciência Hoje, sobre a tradição secular de endogamia nas universidades portuguesas.
Ora, tive a oportunidade de apor um
comentário para complementar a dissertação sobre esse mal, através da recomendação da leitura de mais 2 textos. Referi o magistral artigo de Orlando Lourenço e o de Michael Athans, este último um professor do MIT que leccionou em Portugal, porém a respectiva ligação para transferência do artigo não funcionou. Assim, pode descarregá-lo aqui (em versão PDF).

terça-feira, 28 de março de 2006

É linear, meu caro...

Eduardo Pitta manifestou aqui a sua estranheza pela utilização do termo Simplex, abusado pela tecnocracia dos boys governamentais para evocar as 333 medidas de desburocratização apresentadas ontem por Sócrates.
Ó Eduardo, para este Governo não há hermetismos, nem esoterismos! A premissa socrática é o exoterismo: o educador do povo. A vida dos contribuintes portugueses passará a ser optimizada através da solução básica admissível: ou aprendem de uma vez ou então estão fodidos! É a Investigação Operacional, caramba!
Questionado pela designação, JS explicou, com uma manifesta estranheza pela ignorância demonstada pelo povo e pelos jornalistas, que Simplex se tratava de um problema matemático. Ora, ironicamente, a matemática tem sido o grande enigma dos sucessivos Governos portugueses. Tudo começou com o mito dialogante de Guterres: «Hum, 6% de… hum, o PIB é de… 3 mil milhões!?... hum, 6x3 são 18… hum, façam as contas!».
Ponto de ordem: o Simplex é o algoritmo utilizado na Programação Linear que maximiza uma função matemática – função objectivo –, atendendo a um conjunto de restrições paras as variáveis, que podem ser apresentadas na forma de equação – forma padrão – ou na forma de inequação – forma canónica –, através de um processo de iterações até se encontrar a Solução Básica Óptima – este método é, por exemplo, utilizado para a optimização na aplicação dos recursos disponíveis de uma empresa.
Resumindo e concluindo, para um louro de carapinha preta ou para um preto de cabeleira loura – e outras disfunções – a solução passa pelo Restaurador Simplex! E dinheiro gasto assim, com pompa e circunstância, é sempre dinheiro bem gasto!
Agora, pôr essa tralha toda a funcionar…

Nota: Para resolução dos seus problemas quotidianos – do pêlo encravado ao delírio tremens – utilize
esta aplicação em linha.

PS – Nas próximas prelecções discutiremos o “Simplex: Primal ou Dual?

A propósito de Femme fatale

Nico dancing (1967) por Lisa ShawDesconhecia o pequeno episódio envolvendo a doce Nico e o aveludado Sterling Morrison relatado aqui por Pedro Mexia.
Em sua (dela) memória, aqui fica a ode à perfídia de Cale/Morrison/Reed/Tucker/Yule & Nico.

PS – A propósito do francês americanado, o trio Violent também se pronuncia "feimes". Eles querem e podem, logo...

segunda-feira, 27 de março de 2006

A Trilogia de Siri

Siri Hustvedt - Aquilo Que Eu AmavaQuis a sorte ou o azar que partilhasse o lar com Paul. A celebridade do último cataloga-a, em primeiro lugar, como a mulher deste e, só depois, a notável romancista de apelido facilmente enrolável na língua lusa, Hustvedt.
Qualquer apresentação passa pela afirmação, em tom de lembrete ou como carta de recomendação, da sua condição de cônjuge do Mestre da narrativa nova-iorquina – o Woody Allen das palavras impressas, e este só não é o Auster da película de celulóide porque é o primogénito da ilustre e orgulhosa família da Grande Maçã.
«Aquilo Que Eu Amava» (Asa, Outubro de 2005) é o último romance de Siri Hustvedt, publicado em 2003 nos Estados Unidos sob o título «What I Loved».
Neste romance, constituído por 3 partes simultaneamente intercomunicáveis e distintas, Siri pinta o quadro da elite cultural que vivifica e que ao mesmo tempo se alimenta de Nova Iorque, como num processo químico onde nada jamais se perderá. Parte do amor pela arte como a materialização do apego à vida e da solidificação dos laços de sangue que não resultam de uma elementar miscigenação genética, mas antes de um todo complexo e sincronizado, produto fiel de uma construção abstracta de sentimentos, de afectos, de cumplicidades e de atitudes francas de pura partilha.
Siri conta-nos a vida como ela é: um encadeamento de acasos a que o tempo se encarrega por lhe dar uma consistência, é a nossa história.
Porém, a sua narrativa não assenta nessa sucessão de acasos, mas na dolorosa percepção da fragilidade da nossa vivência, de um quotidiano preso por arames, como num demorado jogo de xadrez onde, após cada passo dado, dificilmente conhecemos a decisão que advirá da outra parte que interage nessa dialéctica.
É uma história em 3 actos dramática porque verosímil, comovente e arrebatadora porque traduz fielmente os nossos desassossegos, mais ou menos conscientes, perante a necessária adaptação do eu à vida em sociedade.
O livro, apesar de extenso, lê-se de uma só penada, onde chegam a coexistir o nó na garganta e a sentida hilaridade. O início do 2.º acto – chamemos-lhe assim – vergou-me perante o peso das lágrimas que rebentaram qualquer resistência de estúpido macho latino: homem não chora!
De leitura imprescindível!

Termino com a firme convicção de que algures em Brooklyn, Nova Iorque, haverá uma fonte que jorra inspiração, criatividade e genialidade.

domingo, 26 de março de 2006

Novos blogues na lista

Tal como havia prometido: hora de Verão, ligações novas.
Assim, entram para a lista os blogues:
25 Centímetros de Neve, b-site, Lóbi do Chá, Manchas, Metamorfases e, por fim, para emendar um lamentável lapso – e já diz o povo que mais vale tarde do que nunca –, o blogue Tugir.
De igual modo, procedeu-se à actualização dos blogues de referência.

Daylight Saving Time…

Daylight Saving Time
a.k.a. Horário de Verão entrará em vigor – para meu júbilo – daqui a pouco.
Para ficar a conhecer a história sobre a necessidade da criação do DST, consultar
esta ligação.
Com o novo horário, a secção de blogues – com as devidas recomendações – sofrerá algumas alterações e acrescentos.
Em 29 de Outubro deste ano lá voltaremos aos dias curtos.

Até lá, bom proveito!

sábado, 25 de março de 2006

Capitalismo (K vs L?)

KELSO & ADLER - THE CAPITALIST MANIFESTOO Hélder recomenda, e bem, a leitura urgente do livro de Andrew Bernstein «The Capitalist Manifesto : The Historic, Economic and Philosophic Case for Laissez-Faire».
Ao corroborar essa sugestão, aconselho vivamente a leitura – para quem não conheça –, ou então a releitura – para quem já não se recorde –, da Bíblia que aborda esse conceito, aparentemente abstracto, que se chama capitalismo. O livro em questão é o velhinho “The Capitalist Manifesto” do jurista e pensador norte-americano Louis O. Kelso e do seu compatriota Mortimer J. Adler, filósofo e pensador, que, curiosamente, se converteu no final da sua vida ao catolicismo.
Adler e, principalmente, Kelso são reconhecidos nas lides académicas como pais dos conceitos de “Capitalismo Popular” e de “Economia Binária”.
Resumidamente, Kelso lançou a semente para a economia participativa nos Estado Unidos, onde o capital das empresas passou a ser partilhado com uma parte importante da sua força de trabalho, através da introdução de planos estruturados de atribuição de acções.
A falência do Estado providência e os avanços tecnológicos deram o derradeiro impulso a esta doutrina. As questões sociais deixaram de ser de exclusivo domínio do Estado, atribuindo-se ao mercado e aos agentes económicos o desempenho da tarefa de reduzir esses desequilíbrios – embrião da responsabilidade social das empresas.
Estas ideias culminaram com a publicação, em 1974, do ERISA - Employee Retirement Income Security Act – nos Estados Unidos.
Para a história fica o célebre jantar – considerado como o acto precursor do ERISA – em Washington, D. C. entre Kelso e o Senador Democrata Russel B. Long, que na altura presidia à Comissão de Finanças do Senado norte-americano, onde Kelso, com a eloquência que lhe era reconhecida, terá explicado os benefícios das teorias por ele preconizadas.
Para aquilatar do incomensurável atraso da Europa em relação aos americanos nesta matéria, os organismos da União Europeia apenas se aperceberam desta premente necessidade e inevitabilidade com a publicação do trabalho de Milica Uvalic em 1991 denominado por «The promotion of employee participation in profits and enterprise results», mais conhecido pelo relatório PEPPER. Até hoje, 25 de Março, mantém-se a indefinição e, com isso, a Europa vai definhando e perdendo a sua competitividade perante o Japão e os EUA, com todos os custos sociais daí advenientes e que já se fazem sentir.

Nota: Para conhecer mais sobre a vida e a obra de Louis Kelso recomendo a consulta ao The Kelso Institute, onde inclusivamente se poderá fazer a transferência do livro supracitado em texto integral.

Regresso

Pepe joga a bola com a mão fora da áreaA poeira assentou e o meu sangue baixou, de súbito, a sua temperatura.
Estive ausente da blogosfera por dia e meio, num processo de retiro espiritual, até que meu fervor de
hooligan de verbalização arrefecesse.
Estive fora do país e, pelos vistos, perdi parte da análise à polémica procedente do pulsante jogo de quarta-feira no Dragão.
Tal como havia
dito, tinha sérias dúvidas que aquele lance mais polémico tivesse ocorrido dentro da área. Afinal, parece-me que acertei! Todavia, não invalida que o meu jogador houvesse cometido falta, e se ela não foi sancionada, a contraparte saiu prejudicada.
De forma categórica manifestei
aqui a minha avaliação sobre arbitragem do senhor de Leiria: péssima. Curiosamente, utilizei o mesmo qualificativo quando esse senhor arbitrou o jogo do meu clube na Amadora contra o Estrela… apesar dos frangos!

quinta-feira, 23 de março de 2006

Este blogue...

...encontra-se em hibernação meditativa!
Meditation II - Chris Paschke

Chris Paschke, Meditation II

Da batota

Ainda antes do jogo da meia-final da Taça de Portugal entre o meu FCP e o Sporting, tive a oportunidade de escrever isto.
O fenómeno desportivo em geral, e o futebolístico em particular, é um potencial gerador de paixões assolapadas, provocando, por muito que se evite, o domínio da emotividade sobre algum resquício de racionalidade. A paixão é isso mesmo: febril, descontrolada, avassaladora e potenciadora de conflitos internos e externos.
Ontem, pude assistir a um paupérrimo jogo de futebol. Confesso que, no cômputo geral, o Sporting foi prejudicado pela arbitragem de um árbitro que nunca me mereceu admiração – aliás, dos nacionais, não me lembro do último que ma mereceu.
O Sporting perdeu bem? Não me consigo alhear da minha qualidade de fundamentalista azul-e-branco. Para mim, num paroxismo de paixão, o meu Porto perde sempre mal. Normalmente, faço um meticuloso exercício de espanta-espíritos para encontrar um bode expiatório.
Porém, eu, portista, me confesso: o FCP não jogou bem, o árbitro prejudicou o Sporting na eventual grande penalidade – e o eventual resulta da dúvida do lance se ter desenrolado dentro ou fora da área. As expulsões foram exageradas: o árbitro poderia ter contemporizado no 1.º caso – o do Caneira – uma vez que com 115 minutos de jogo nas pernas, o discernimento não é o melhor – e isso é do senso comum, tendo sido cientificamente comprovado. A 2.ª expulsão – a de Bosingwa – foi completamente disparatada, porque Tello atira-se para o chão na quina da área e Bosingwa nem de raspão lhe tocou. O acto irreflectido do árbitro no minuto 119 provocou a marcação de um livre directo a cerca de 2 metros da linha limite cimeira da grande área. João Moutinho marcou o livre e Vítor Baía efectuou uma grande defesa – desta vez, felizmente, não confiou no golpe de vista – e a jogada gerou um canto a favor do Sporting. Agora pergunto: e se Vítor Baía – como é costume – não se fizesse ao lance e a bola se tivesse postado no fundo da baliza? Que comentários haveria ao jogo e ao trabalho árbitro?
O que eu lamento – e estou a ser o mais sincero possível – é ver textos escritos por pessoas, que não conheço, mas que estimo e aprecio pela forma como conduzem os seus blogues, a escreverem, a quente, comentários profundamente injustos, tendo como alvo um conjunto perfeitamente heterogéneo de pessoas que se unem em torno de uma paixão clubística. Um dos quais foi José Pimentel Teixeira (JPT) no seu blogue
Ma-Schamba, ao qual tive a oportunidade de manifestar a minha discordância in loco, fazendo, também, um mea culpa pela agressividade que coloquei nos meus dois primeiros comentários a este texto – ver, também, este segundo texto.
Não, eu não me revejo nos elementos desordeiros dos Super Dragões. Abomino-os, tal como abomino os seus similares noutras claques de outros clubes. Como aqueles que antes de um SCP-FCP, no pretérito Estádio de Alvalade, arremessavam pedras ao Dr. Domingos Gomes e ao Rodolfo Moura quando estes assistiam vários jovens que se haviam estatelado da altura de 2 dois andares após a queda de um varandim, incidente do qual resultaram mortos.
Não, eu não me revejo nos dirigentes e nas suas tentativas de apagamento de fogos com gasolina. Detesto-os e sem distinção.
Não, eu não gosto de batota e detesto ganhar com manifesto prejuízo do adversário causado por terceiros na tarefa de julgar.
Aquilo que, na realidade, me faz vibrar e rejubilar passou-se em 27 de Maio de 1987, ou em 13 de Dezembro de 1987, ou em 23 de Maio de 2003, ou em 26 de Maio de 2004, ou em 12 de Dezembro de 2004.

PS – Este blogue sofrerá de uma pausa para reflexão sobre a sua continuidade até sábado, 25 de Março.

Oeiras, 14 de Maio!

Oeiras lá nos espera!

Poooooooooorto!

quarta-feira, 22 de março de 2006

Desabafo!

Esta merda cansa-me!
Vitupérios, engraxadelas, críticas veladas, intelectualismos subliminares, bajulações, ronceirices, mensagens crípticas, ufanismos, massagens no ego, ostracismos, boçalidades… enfim, o desprezo, a irascibilidade ou a indiferença pelo comum dos mortais... longe do apetecível limelight da sobranceira vaidade!




Tests” por Walt Whitman, The Leaves of Grass, Book XXIV: «Autumn rivulets»

Estou cansado! Muito cansado!

terça-feira, 21 de março de 2006

Só mais uma achega

Em primeiro lugar, cabe-me deixar claro que não me insiro em nenhuma corrente de pensamento político-económica, limitando-me a ser um crítico dos males e das vicissitudes dos vários sistemas. Ainda estou à espera de um melhor que, com certeza, há-de vir!
Em segundo lugar, chamo à atenção para
este pertinaz texto do Rodrigo n’O Insurgente, em jeito de resposta a este texto de Nuno Ramos de Almeida do blogue Aspirina B.
Finalmente, reiterar as afirmações do Rodrigo e deixar, apenas, este meu singelo contributo: a França dispõe do mercado de trabalho mais proteccionista e menos flexível da antiga Europa dos 15afirmação categórica do autor.
A tendência natural dos franceses e, em especial, dos sucessivos governos tem sido o privilégio do diálogo social como a melhor solução para a resolução dos conflitos latentes no mundo laboral. Têm, é verdade, uma das legislações mais favoráveis e avançadas no que diz respeito às políticas de redistribuição de riqueza, designadamente com os planos de participação financeira: Intéressement e Participation Actionnariat.
No entanto, em França peca-se pela deriva legislativa e regulamentar, e a consequente rigidez do mercado laboral; assim como de um movimento sindical influente – que por si só não constituiria algum mal – que é, todavia, movido por uma forte orientação ideológica, inflexível e renitente à mudança e à inovação nas relações industriais.
Lembro, apenas, a devastadora lei das 35 horas semanais de trabalho. Milhares de empresas fecharam as portas, outras deslocalizaram a produção, outras foram-se aguentando com uma estrutura de custos quase incomportável. Consequências: subida inexorável da precariedade laboral e forte aumento da taxa de desemprego.
Quem ficou a ganhar? O Estado? As empresas e os empresários? Os trabalhadores?

E fico-me por aqui...

segunda-feira, 20 de março de 2006

Every sperm is sacred!

eles diziam e o melhor é começar desde já a poupá-los!
A propósito
deste texto de JPT no seu blogue Ma-Schamba – ver a ligação nele contida e que lhe deu o mote – lembrei-me de duas infelizes curiosidades sobre o problema da infertilidade masculina nos dias que correm.
As duas podem ser encontradas
neste sítio – bastante holístico –, que contém um breve resumo das possíveis causas:

  1. O exercício físico em demasia – eu tinha as minhas razões para ser um preguiçoso de um sedentário: aumenta a temperatura do escroto, logo mata os altamente sensíveis espermatozóides.
  2. O acto puro e simples de beber água da torneira nas grandes cidades [ver também aqui] – passei a beber água de nascente engarrafada. A vulgarização das pílulas anticoncepcionais femininas, compostas por hormonas de estrogénio sintéticas, implica que as mulheres libertem enormes quantidades dessa hormona através da urina, que é recolhida pelos sistemas de esgotos das grandes cidades e misturada com a água que, por sua vez, irá ser reciclada e purificada. Porém, o estrogénio não é eliminado, entrando no nosso organismo – muito macho – pelo simples acto de beber um copo de água da torneira. Corolário, redução drástica do esperma e progressiva efeminização do espécimes que ufanamente representam o sexo masculino [desabafo: estamos feitos!]

Como dizia o meu avô: «hoje em dia não há nada que não faça mal!»

Prognóstico de um slogan das autoridades sanitárias para 2030:
«Por favor, não respire! Pela sua saúde!»

1 ano de pura seda

Bombyx MoriNão poderia, de forma alguma, deixar de felicitar o Afonso Bivar pelo aniversário do seu blogue enleante Bombyx Mori.
Por mera curiosidade, nove meses depois nascia o meu – pasquim, por comparação – e a partir dessa entrada na blogosfera – apesar de uma decepcionante experiência anterior – descobri o
Bombyx, não conseguindo, desde então, deixar de ler, com real prazer – chega a ser um vício, porém benigno – os textos aí expostos.
Não! Não vou dizer que o
Afonso é hermét… Nem tão pouco enigmático. É eloquente!
Falo de cátedra. Como já disse, discordo muitas vezes das suas ideias – politicamente falando, claro! Mas reconheço-lhe a razão das suas convicções e o seu direito inalienável de as professar e de as manifestar – fazendo-o sempre com mestria, uma vezes sedoso e subtil, outras, porém, cáustico e corrosivo.

Bom, deixando-me de panegíricos, que poderão roçar o lambebotismo – caso eu conhecesse o Afonso e lhe soubesse a profissão – só me resta desejar-lhe, pelo menos, mais um ano de textos de igual carácter e de suave – como a seda – irreverência.

Frases que ficam para História

Pravda JoséNo especial, em directo, comemorativo dos 52 anos de Herman José promovido pelo canal de Carnaxide, ou seja, [Balsemão] deixem-me-besuntá-lo-de-mimos-antes-que-venha-cá-o-Moniz, o aniversariante disse, a propósito da revelada militância comunista de José Milhazes:
«Nos anos 80 quando sofri com as atitudes censórias, O Diário era o único que publicava notícias sobre mim» (+/- sic, porque a minha memória já não é o que era).

O Diário, a pravda é o ópio do povo!

domingo, 19 de março de 2006

Mais um…

SAPO DouradoSAPO!

Em apenas 5 minutos o "1-0" passou a "0-1", golo mal anulado ao Rio Ave e golo mal validado aos Mantorras naquele golpe de Karaté!

Tanto barulho durante a semana! Já se imaginava...

sábado, 18 de março de 2006

Botellón

Estava apenas há uma semana instalado em Madrid, quando numa sexta-feira depois de um bom repasto me dirigia à estação de metro da Moncloa para regressar a casa e poder finalmente deitar a cabeça na almofada.
Nos jardins da Moncloa uma horda de estudantes apenas deixava entrever escassos metros quadrados de relva por ocupar. Carregavam sacos de plástico, daqueles que se oferecem nos hipermercados, que dado o peso do material transportado poderiam rebentar a qualquer momento.
Estupefacto, detive-me naquele ponto estratégico da Calle Princesa, por um curto mas suficiente espaço de tempo, mirando do alto privilegiado a área confinada pelo Paseo Moret, a Avenida Victoria e a Avenida Séneca, movido por uma irreprimível curiosidade sociológica.
Aquele amontoado, aparentemente anárquico, de jovens, entre os dezassete e vinte muitos anos, era, no entanto, formado por centenas de pequenas rodas quase perfeitas e indistintas de rapazes e raparigas, que seguravam, com um zeloso afinco, um mega copo de plástico onde previamente haviam preparado um cocktail explosivo de rum, tequila, gin, vodka, absinto e whisky, meticulosamente suavizado com refrigerantes e colas.
Perguntei qual a razão de ser daquele amontoado. Responderam-me que era pelo simples prazer do convívio ao ar livre e que, assim, se poderia juntar o prazer de beber e de fumar – não só tabaco – por um preço irrisório. Está claro que, desde logo, me apercebi de que aquele último era o motivo principal.
Mais tarde pude testemunhar algumas das sequelas do botellón. Pelos jardins a relva transformara-se num mar de copos de plástico e de garrafas de bebidas espirituosas e de refrigerantes. Porém, havia retardatários nadando em poças do seu – penso eu – próprio vómito. Outros estavam prostrados à sombra lunar de um carvalho, de um plátano ou de uma tília. Mais à frente alguns jovens casais copulavam num despudor que só lhes era permitido pela abundância de álcool e de substâncias psicotrópicas que circulavam naquelas veias ainda fortes e resistentes pela parca idade biológica.
Contudo, houve uma certa manhã em que acordei com a notícia de que essas práticas licenciosas passariam a ser proibidas. O famoso botellón soltaria, por certo, o seu último estertor por aqueles dias.
E assim se sucedeu,
se bem que…

sexta-feira, 17 de março de 2006

Conta-se que…

Jean-Paul Sartre…era uma vez em Coimbra, numa oral de uma disciplina ligada às ciências da natureza, ocorreu este diálogo entre o professor – o examinador – fisicamente vesgo e o aluno – o examinado:
– Então diga-me lá – perguntava o Professor – que tipo de pássaros conhece?
O aluno, digno representante daquela bela estirpe que não é de ficar calado perante a reconhecida ignorância, iniciou a resposta nomeando uma lista infindável de espécies avícolas e terminou dizendo:
– …pássaros, passarinhos e passarões; pássaros de capoeira e pássaros de gaiola.
O resoluto e vesgo professor retorquiu escarnecendo:
– E que tal um chumbinho para matar essa passarada toda?
Resposta pronta e eficaz do aluno:
– E um olhinho vesgo para falhar a pontaria?

Foi este aprazível episódio, pleno de espírito académico, que rememorei quando relia “Explication de l’Étranger” de Sartre sobre “O Estrangeiro” de Camus.
Lembrei-me, ainda, do prodigioso Vian e de “A Espuma dos Dias” falando de Partre, Jean-Sol:
«Partre levantara-se e apresentava ao público amostras de vómito embalsamado.» [bold meu] (Relógio D’Água, 2001, com tradução de Aníbal Fernandes, p. 95).

Blogues: novas entradas

Nova actualização da secção deste espaço dedicada ao enlaçamento de blogues de visita frequente.
Entram para a tabela os seguintes:
Adufe, de Rui M. Cerdeira Branco; A destreza das dúvidas, de Luís Aguiar-Conraria e de Cristóvão de Aguiar; Espumadamente; e Sobre o tempo que passa, de José Adelino Maltez.

quinta-feira, 16 de março de 2006

Terra quente

Recomendo a leitura deste texto de Pedro Correia, postado no seu blogue Corta-Fitas, sobre o filme «North Country – Terra Fria», o qual tive o prazer de ver no dia da sua estreia há cerca de três semanas.
Concordo na íntegra com as suas palavras sobre o filme e, sobretudo, acerca das embirrentas estrelinhas dos nossos críticos de cinema, que são colocadas decorrendo – de entre outras bastante repreensíveis – da seguinte bitola: {Europeu, de 3 a 5 estrelas; Americano [independente 3 a 5 estrelas; produzido pelos grandes estúdios (clássico restaurado ou em reposição, 5 estrelas; estreia, de 0 a 3 estrelas)]}
Em Portugal, há apenas duas pessoas que têm o dom natural de me seduzir nas suas digressões críticas pelas obras da 7.ª arte: João Lopes e, claro, João Bénard da Costa. São ricas de conteúdo, são válidas e bem reflectidas, mesmo que mais tarde, após o visionamento do filme, possa eventualmente não concordar com o resultado final das suas incursões críticas. Porém, as suas apreciações são sempre sérias e honestas e, acima de tudo, resultam das suas inextrincáveis competência e sabedoria na percepção do fenómeno de realização, produção e coordenação que se materializa num todo concertado ao qual chamamos obra de arte.

PS – Ver também este
texto de Luís Naves no mesmo blogue.

quarta-feira, 15 de março de 2006

Texto reciclado


Porque reciclar é viver!

PS - Viram o Veiga a saudar o Pontes ao bom estilo do João Vieira Pinto? Veiga, read my lips...

Adenda...

...ao meu texto «Lágrimas escarninhas #6».
[Reactualização, hoje, às 21 horas]

terça-feira, 14 de março de 2006

Quem ri por último…

O Compasso e o EsquadroQuem ainda não leu o livro de Dan Brown “O Código Da Vinci”?
Um artigo da revista britânica
The Economist, de Junho de 2005, sentenciava que aqueles que ainda não o leram, pertenceriam, por certo, a uma das três categorias seguintes que, como ficou claro, são mutuamente exclusivas:
  1. Insuportavelmente intelectual;
  2. Completamente iletrado;
  3. Vive em Marte.

Majestade e fleuma britânicas à parte, o famoso Código malhava, sem dó nem piedade, na prelatura pessoal do Papa, que dá pelo nome de Opus Dei, e discorria sobre a existência de uma eventual organização secreta que esconderia algo que, se revelado, abalaria o mundo cristão.
Brown edificou o seu romance a partir da eterna história da luta de contrários. Porém ao incluir a Opus Dei – a qual, inclusivamente, dispunha de um numerário albino, de nome Silas, pronto a matar pela causa – esqueceu-se da Maçonaria e introduziu o denominado Priorado do Sião, embora essa organização esotérica estivesse próxima do processo de iniciação e do rito maçónicos.
Hoje, no Britain’s High Court – onde decorrem as audiências da queixa por plágio apresentada pelos autores Michael Baigent e Richard Leigh contra Dan Brown – o autor norte-americano depôs pela primeira vez e afirmou que houve uma razão para não incluir a Maçonaria (fonte: edição de hoje do
NYT):
«I decided to shelve the Masons for another day

Afinal, pedreiros e sinos, aventais e compassos, pentagramas e folhas de acácia, também irão ser escrutinados pelas teorias brownianas, mais cedo do que se poderá imaginar.

E vá-se lá saber para que lado cairá o Pêndulo

Ovação de pé…

Pixies…para Henrique Fialho!
Para além dos seus textos, fica-nos a música que escolhe e que dá mais cor ao seu blogue Insónia.
Henrique prometeu e está prometido! Allison de Black Francis, Kim Deal, Joey Santiago e David Lovering permanecerá no seu blogue durante
uma semana.

PS – Para complementar – e não para concorrer –, deixo durante esta semana na minha caixa de música sons que, a avaliar pelos comentários no Insónia, deixarão muita gente feliz.

Lágrimas escarninhas #6 [actualizado 2 vezes]

Afonso Bivar é sem dúvida, de entre os autores dos meus blogues de referência, o mais docemente corrosivo. As suas inquietações blogosféricas, muitas vezes de uma forte têmpera hermética sem, contudo, se tornarem em dissertações perifrásticas, constituem momentos de puro prazer literário, mesmo que nos encontremos visceralmente nos antípodas daquilo que muitas vezes escreve.
Concluindo, serviu esta verborreia toda apenas para recomendar a leitura o seu texto «Che» que, apesar de a minha opinião estar mais do que formada sobre esse feroz revolucionário – ver textos neste blogue –, me levou às lágrimas.

PS – Também de leitura obrigatória o texto de resposta de JPT no seu excelente blogue Ma-Schamba.

Adenda: Acerca da micro polémica entre JPT e AB, que motivou este texto de réplica de AB, confesso que quando fiz a ligação ao texto de JPT ignorei a parte «Continue a ler “Público e Privado”» onde o autor manifestava a sua indignação acerca do alegado branqueamento de “Che” [corrijo aqui citando JPT, que nos comentários explicou o motivo: não gostei do tom que me dirigiu] por AB nestes termos: «Afonso Bivar, sem merdas, pelo tom vá à merda (…)». Limitei-me a fazer a ligação e não dei conta da investida pouco suave de JPT. A quem se possa ter ofendido, peço as minhas sinceras desculpas! Não sou, de forma alguma, adepto do palavrão, foda-se!

segunda-feira, 13 de março de 2006

Hostilómetro

A complexificação das actividades económica e financeira, assim como o crescente afastamento entre o fluxo real propriamente dito (económico) e os fluxos financeiros que ocorrem paralelamente – calcula-se que uma simples transacção em termos reais abarque uma centena de movimentos financeiros de suporte –, trouxeram ao mundo da gestão empresarial um manancial de disciplinas que derivam de um tronco comum, com uma terminologia própria e necessariamente prática para lidar com uma série de conceitos até então desconhecidos e com o intuito de simplificar toda uma actividade.
Ora, nos dias que correm é mais do que geralmente aceite que, para além de um conhecimento geral ou pluridisciplinar de base, a especialização é a forma mais eficaz para a resolução dos problemas do dia-a-dia, e isto tem vindo a ocorrer, ao longo dos tempos, em tudo aquilo que se designa como actividade humana: medicina, economia, direito, engenharia, arquitectura… e até nos trabalhos eminentemente manuais.
Assim, é de vital importância que os nossos jornalistas que se dedicam à informação sobre assuntos económicos e/ou financeiros disponham de conhecimentos específicos na área, que não se adquire nas escolas de jornalismo, mas em cursos de especialização ou de pós-graduação, e até – por que não? – através da realização de cursos de mestrado ou de doutoramento.
Com a OPA da Sonae sobre a PT e a de hoje do BCP sobre o BPI, os nossos jornalistas andavam numa azáfama – que até metia dó – perguntado a tudo e a todos, e até questionando-se a si próprios, se a oferta pública de aquisição era ou não hostil!
No Dicionário da Língua Portuguesa On-line da
Priberam, hostil define-se por:
«(…) que é de inimigo, próprio de inimigo; adverso; agressivo; contrário; provocante.»
Depois deste ponto de ordem, cabe perguntar: no âmbito das ciências económicas e empresariais, o que significa hostil, quando este adjectivo é apenso ao acrónimo OPA?
Neste caso, exigia-se, pelo menos, a consulta de um dicionário da especialidade – que existem aos pontapés numa livraria ou num sítio da Internet perto de si!
Só para esclarecer, uma Oferta Pública de Aquisição, como o próprio nome indica, significa que determinada empresa oferece em bolsa – mercado organizado e com regras previamente definidas – um determinado valor pelo capital de outra empresa, que é representado por um conjunto de títulos – acções – na posse de um grupo mais ou menos alargado de accionistas, com o objectivo de controlar os activos por eles detidos.
A definição de hostil ou amigável – infelizmente para alguns – não representa um facto susceptível de encher as páginas de uma publicação da imprensa cor-de-rosa, nem se trata de uma simples declaração de guerra para aniquilar o putativo inimigo.
Uma OPA é hostil se os representantes da contraparte – conselhos de administração ou executivo, directores ou gestores – considerarem, por alguma razão, que esta operação não serve os interesses dos seus accionistas ou pode fazer perigar os seus direitos.
O que Paulo Teixeira Pinto, Presidente do Conselho de Administração do Millennium BCP, referiu aos jornalistas foi que no ordenamento jurídico português este era o único caminho, ou seja, afastada a hipótese de fusão – pela dispersão do capital – o comprador (ofertante) tem que lançar publicamente, com comunicação prévia à entidade reguladora – em Portugal a CMVM – a proposta de compra sobre todo – e saliente-se a última palavra – capital da empresa, sem discriminar accionistas, tanto os institucionais como os simples particulares.
Uma OPA não dispõe de graus de intensidade. Pode-se qualificar como hostil ou amigável, numa escala que não é contínua, é maniqueísta, ou é ou não é!

Por que cargas de água anda toda a gente preocupada com a hostilidade?

Será que a pressão das audiências implica que um simples negócio em bolsa se torne num folhetim aparentemente pleno de reviravoltas? Ou será pura ignorância?

Finalmente, a moda pegou!

BCP: OPA sobre o BPIUltimamente, o nosso paupérrimo mercado de capitais – em liquidez, capitalização bolsista e volume de acções transaccionadas – anda deveras animado.
Aparentemente, concretizou-se aquilo que muitos já profetizavam há, pelo menos, 5 anos, ou seja, o lançamento de uma Oferta Pública de Aquisição sobre o BPI.
Muitos saudosistas e proteccionistas questionavam a aparente fragilidade do BPI perante uma operação de aquisição de grande envergadura de um concorrente estrangeiro. Pior ainda, para esses o adquirente poderia ser o BSCH ou BBVA, ou ainda outro espanholeco qualquer! Lá se ia a nossa independência restaurada, pelo fervor do sangue luso, no 1.º de Dezembro de 1640.
Todavia, os mais pessimistas falharam.
O proponente é o Millennium BCP, isto é, o maior banco privado português.
Para os que não se arrepiam com estas operações – como é o meu caso – trata-se de mais um sinal da aparente convalescença económica e financeira do nosso país. Para além disso, 30 anos após o 25 de Abril e a deriva revolucionária que se seguiu – como já estou farto de o referir neste blogue, muito diferente da transição pacífica que ocorreu em Espanha –, a sucessão deste tipo de operações levadas a cabo por empresas nacionais só deveria constituir um motivo de orgulho e não da tradicional e obtusa desconfiança tão portuguesa.
Quer se queira ou quer não, os mercados das economias ocidentais ou os das ocidentalizadas vivem, respiram e alimentam-se deste tipo de sinais e alavancam-se com este tipo de operações e, se a tudo isto, se acrescentar a enorme exposição ou abertura da nossa economia perante o exterior, estas acções são inevitáveis e, para além disso, fundamentais para a necessária regeneração do mercado.
Agora, só resta seguir os próximos episódios e saber interpretar os tais sinais. Depois poder-se-á especular! Aliás, é ou não é o grande passatempo nacional?

Nota: carregar aqui para transferir o documento em PDF, enviado hoje pelo Millennium BCP à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, comunicando o facto relevante.

Lágrimas escarninhas #5

Seria uma injustiça não incluir nesta secção do meu blogue este pequeno texto de Francisco Trigo de Abreu, publicado no seu blogue Mau Tempo no Canil:

«Começo a acreditar que também preciso de um chip para a minha televisão. Hoje o meu filho (três anos) informou-me que gosta muito do "Casaco Silva".»

Nota: Só para recordar, os 4 textos anteriormente contemplados pertencem aos seguintes blogues: #1 Insónia; #2 O Sniper; #3 O Insurgente e #4 Da Literatura.

LUSA isenção

Benfica - Naval 1.º de Maio (12/03/2006)A Lusa, Agência de Notícias de Portugal integra a Portugal Global, SGPS, S. A. – que inclui a RTP e a RDP –, que é uma sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos, 100% detida pela Direcção-geral do Tesouro. Logo, de forma indirecta, é uma empresa financiada pelos impostos arrecadados pelo Estado aos contribuintes portugueses.
Hoje, a necessariamente imparcial agência de notícias portuguesa, publicava um artigo resumindo a 26.ª Jornada da Liga de futebol nacional:
«Futebol: Liga - Falhanços, Naval e árbitro atrasam Benfica».
No corpo da notícia poder-se-á ler que «(…) já na segunda parte, enquanto o árbitro albicastrense Carlos Xistra optou por julgar "limpos" dois lances em que os "encarnados" reclamaram penalti, por alegadas faltas sobre Nuno Gomes e Léo.» (sic)
O mais curioso é que a
Lusa agora faz juízos de valor sobre a notícias que difunde e neste caso sobre a arbitragem de um desafio de futebol, considerando aqueles lances como indubitavelmente passíveis de grande penalidade e esquece-se de atestar da bondade da expulsão do defesa do clube figueirense pelo tal “albicastrense”, apenas dizendo, em tom lacónico que houve «grande entreajuda dos figueirenses» e esta «permitiu-lhes defender o "nulo" até final, mesmo após expulsão do defesa Franco» (sic).
A notícia foi reproduzida na íntegra
aqui no serviço Sapo - Infordesporto.
Como adepto de futebol e contribuinte sinto-me verdadeiramente defraudado pelos 17.665.935 de euros de indemnização compensatória atribuída pelo Estado à agência noticiosa apenas no ano de 2005. Já para nem falar de um total acumulado de verbas transferidas de 56.539.015 euros desde o ano 2002.
Quanto ao “albicastrense”, este mesmo poderá avaliar se a matéria em questão poderá ou não dar origem a uma queixa-crime por difamação uma vez que, pelo título da notícia, «atrasou o Benfica», nada se sabendo pelo zeloso jornalista quanto ao grau de premeditação. Ele faz melhor, deixa em aberto...

Viverá ainda a Lusa no 24 de Abril de 1974?

Nota: o valor das indemnizações compensatórias do Estado à Lusa inseridos no texto (de 2002 a 2005) tiveram por fonte o ICS - Instituto da Comunicação Social.

sábado, 11 de março de 2006

11.º Mandamento

«Invejar é pior que morrer».

Uma vez mais cito – recomendando, vivamente, a sua leitura – o livro Inveja: Mal Secreto (Asa, 2005) do jornalista e escritor brasileiro Zuenir Ventura, quando este cita A Cabala da Inveja de Nilton Bonder, referindo-se à tradição judaica.

sexta-feira, 10 de março de 2006

Choque na blogosfera!

Aproveitando um pequeno intervalo sentei-me ao computador e enlacei-me ao Da Literatura. Abruptamente, deparei-me com este texto sucinto de Eduardo Pitta: «THE END».
O Espectro acabou!
Os motivos carecem de uma maior análise e de uma profunda reflexão!
Entretanto, vejam-se os textos: I, II, III, IV e V!
Espero que não seja a causa do efeito!
Caso haja relação, exige-se, no mínimo, que se siga o seu exemplo!
Será culpa do Sitemeter?

Admirável mundo novo [recuperado]

Só hoje tive a oportunidade de ler o artigo «Um mundo perfeito» escrito por Francisco José Viegas e publicado na edição de ontem do Jornal de Notícias, reproduzido no seu blogue e aqui.
FJV escreve um artigo magistral e carregado de uma fina ironia perante a constatação da uniformização dos costumes no denominado espaço único europeu. Em concreto, não se trata de um processo simbiótico mas de uma assimilação cultural. Estranhamente, esse processo de aculturação é encetado pelo aculturado – o agente passivo – ao invés do que seria natural. Neste caso o aculturante nem sequer desempenha o papel de observador nesse procedimento, porque não o impôs e tão-pouco nele interveio sob qualquer pretexto ou a algum título.
Este acto, de puro auto-enxovalho cultural, traduz o mimetismo balofo da actual classe política europeia, já de si desprovida de qualquer ideologia, de convicções políticas e do grau mínimo de sensibilidade e de sensatez na interpretação dos sinais emanados por um todo heterogéneo que se homogeneíza num determinado padrão a que convencionámos chamar Cultura. Somos governados por néscios com a agravante de nos quererem formatar de acordo com o seu grau de mediocridade e de ignorância.
Vénia ao Aldous Huxley e ao seu Admirável Mundo Novo (Brave New World, 1932)!
Pressinto que caminhamos a passos largos para um mundo de novos lugares, actividades e ocupações globalizantes, com salas de predestinação social e de condicionamento neo-pavloviano, exibições de cinema perceptível, engenheiros da emoção, de minuciosa catalogação da espécie humana preestabelecida à nascença, num espectro de mais e menos: alfas, betas, gamas, deltas e epsilones… e Soma, muita Soma!
Regressando ao mundo nos nossos dias, só discordo de FJV na adenda introduzida no
texto republicado no seu blogue, quando refere que «Estamos muito desatentos, estamos»! Modéstia à parte, a 29 de Dezembro do ano passado já aqui havia lançado o alerta para essa repugnante realidade, que corre o sério risco de um contágio irreversível.

Começou com as colheres de pau, jaquinzinhos e galheteiros… e terminaremos de cabelo pintado de louro, a falar esperanto e a copularmos como máquinas reprodutivas… ou até nem isso!

quinta-feira, 9 de março de 2006

A pele fria

Albert Sánchez Piñol - A pele friaComeço este texto com uma frase do escritor espanhol Enrique Vila-Matas estampada pela Editorial Teorema na contracapa do livro que aqui irei falar:

«Continua a perseguir-me depois de o ter lido. Um livro esplêndido.»

De facto não consigo encontrar melhores palavras para descrever a sensação que experimentei após haver devorado o 1.º romance do escritor catalão Albert Sánchez PiñolA pele fria” (La pell freda, 2002), editado em Portugal em Janeiro deste ano pela Teorema.
Alguns rotulam-no como um livro de ficção científica ou até de aventuras. Todavia, espartilhá-lo nessas categorias, normalmente menores, ter-me-iam afastado da sua leitura.
A pele fria é um romance de apenas 236 páginas – na edição portuguesa, claro está – que nos faz percorrer todo um espectro de sensações, por vezes antagónicas, no decurso da sua narrativa.
Frequentemente, as evocações apostas a um determinado tipo de romances contêm uma ou mais referências qualificativas da “Natureza Humana”: negra, cruel, perversa, obscura, etc. Essa descrição repete-se infindavelmente como um irritante estribilho, cuja estafada reiteração nos faz insensibilizar perante o indício da sua presença, tal como a permanente evocação do lobo pelo rapaz traquinas. No entanto, A pele fria perscruta a mente e a natureza humanas com uma aparente facilidade que nos deixa estonteados. O Homem perante a novidade, a dúvida, o incerto, o medo e os consequentes artifícios intelectuais que se criam e se transmutam ou em actos reflexos ou em acções concertadas para combater esses estados de precariedade e de fraqueza.
Esta é a singela história da humanidade e dos irreversíveis corolários da sua interacção com a natureza.
Contar mais estragaria, por certo, o prazer da descoberta na sua leitura, que página a página nos enreda nas suas mensagens subliminares.

Até agora, o melhor deste ano! Genial!

quarta-feira, 8 de março de 2006

Controlo

Instinto Fatal 2Hoje, 8 de Março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Como sempre temas como poder e controlo, deveres e direitos, quotas, maternidade, o eterno feminino, serão, por certo, os mais difundidos neste dia. Mas, afinal, quem dirige?
Em 1992 os homens tremeram perante a sedutora ameaça de um famoso picador de gelo.
Paul Verhoeven dirigiu o inolvidável Instinto Fatal, onde Catherine Tramell – Sharon Stone – dominava a seu bel-prazer uma turba de homens enfeitiçados pelo implacável controlo de uma mulher deslumbrante, rica e, acima de tudo, inteligente e perspicaz acerca do instinto mais básico do primitivo macho na nossa sociedade.
Ei-la de volta!
Sharon Stone regressa no papel da irresistível Catherine Tramell sem o pobre detective Nick Curran – Michael Douglas – mas com outros da estirpe para torturar.
Trata-se da sequela de Instinto Fatal – ver trailer
aqui –, desta vez dirigido pelo realizador escocês Michael Caton-Jones, contando com a célebre e inebriante música do compositor já falecido Jerry Goldsmith.
Estreará no final deste mês.

Quem detém o controlo?

Filha de peixe…

Sophie Auster…sabe nadar! Neste caso, consegue mesmo fascinar!
Fiquei deveras estupefacto por este lindo espécime que é filha do Mestre!
Pedro Mexia posta aqui a fotografia de Auster, Sophie Auster, resultado, por certo, de uma noite bem passada em Brooklyn por Paul e Siri Hustvedt – e terá que ser de Siri, já que Auster apenas teve um filho do primeiro casamento, com Lydia, e nasceu varão, Daniel, de acordo com a fabulosa narração das memórias guardadas de uma parte importante da sua vida em Inventar a Solidão (The Invention of Solitude, 1982).
Do pai apenas tem o olhar hipnotizante… felizmente!
Por outro lado, só espero que não tenha herdado a truculência do meio-irmão Daniel – sagaz e engenhosamente transcrita no seu romance A Noite do Oráculo (Oracle Night, 2004) e no romance de Siri Aquilo Que Eu Amava (What I Loved, 2004) – e as violência e obstinação da bisavó Anne Auster.
A pequena Sophie, de 18 anos, parece que encetou as lides de cantadeira.

Bravo Paul, mais uma obra-prima!

terça-feira, 7 de março de 2006

Secção R.E.P. – Livro editado em português

Haruki Murakami - Kafka à beira-marDesde que iniciei a secção neste blogue dedicado ao Ritmo Editorial Português, apenas foi lançado no nosso mercado literário um livro dos 8 que chegaram a integrar esta categoria.
Assim, serve este texto para anunciar o lançamento em Portugal do livro:
  • Kafka à beira-mar (Título em inglês: Kafka on the Shore)
  • De Haruki Murakami
  • Casa das Letras, Março de 2006

Este romance de Murakami foi publicado pela primeira vez no Japão em 2002 e traduzido para inglês e publicado nos Estados Unidos e no Reino Unido no ano de 2005.
De notar que “Kafka à beira-mar” foi eleito pelo
The New York Times como o melhor romance de 2005 – tendo relegado para a 2.ª posição o romance de Zadie Smith “On Beauty” que também figura nesta secção do meu blogue.
Assim, após haver sido editado no Japão 1.273 dias e há 412 dias nos Estados Unidos, Murakami dispõe de mais um livro editado na língua de Camões.

Notas
I – O último romance de Murakami “After Dark”, publicado no Japão em 2004, já tem publicação garantida em 2006 nos Estados Unidos.
II – Em Portugal, o autor japonês conta já com 3 romances publicados. Para além do que foi aqui referido, contam-se “Norwegian Wood” publicado em 2004 pela Livraria Civilização Editora e “Sputnik Meu Amor” publicado em 2005 pela Editorial Notícias (agora Casa das Letras).

Bodegas

Via o António, um dos autores do meu blogue de referência A Arte da Fuga, fiquei a conhecer este blogue individual mantido pelo Bruno Gonçalves.
Sinceramente, do pouco que ainda pude ler, gostei!
No seu
texto comemorativo do 1.º aniversário pode-se ler:

«Suportar um blog sozinho, tentando manter alguma regularidade nos posts não é tarefa fácil. Porém, sei bem qual é a sensação de chegar a um blog e encontrar sempre o mesmo post, já com vários dias. Num dia-a-dia que é sempre exigente, lá se encontra uma pequena folga para escrever qualquer coisa, recomendar um texto, fazer referência a determinado acontecimento, ou simplesmente explicar o nosso estado de espírito depois de ter ouvido alguma declaração na TV completamente lamentável.»

Sei bem o que custa manter um blogue saudável quando essa tarefa é eminentemente solitária. Tal como o Bruno refere, um blogue irregularmente actualizado é um blogue morto! E caramba, se escrevemos é porque gostamos de ser lidos, nem que seja por uma única pessoa, como aqui escrevi ao iniciar este blogue em 17 de Dezembro de 2005!

Para concluir, só me resta desejar ao Bruno mais um ano repleto de textos como os que escreveu até agora e que no dia 6 de Março do próximo ano aqui estejamos a comemorar o seu 2.º aniversário!